quarta-feira, 15 de maio de 2019

Resenha: Eu Sou a Lenda



Este livro é mais conhecido como ''Eu sou a lenda'', uma tradição mais fiel do seu título original norte-americano. Conta a história de Robert Neville, um homem que se tornou o último sobrevivente conhecido de um apocalipse biológico que converteu a raça humana em vampiros sugadores de sangue, que saem a noite atrás dos últimos mortais que sobram na Terra. 

Neville passa as noites, o momento em que os vampiros estão ativos, trancado numa casa que converteu em fortaleza contra os infectados, e os dias refazendo as proteções danificadas pelos adversários, e procurando por suprimentos e sobreviventes. Até que um dia, finalmente, localiza uma outra sobrevivente, que inicialmente foge dele, mas acaba convencida a vir a sua casa. Lá, Neville mostra a ela as pesquisas feitas sobre as causas do vampirismo, e como ele tem conseguido eliminar a maior parte dos vampiros durante os dias.

Só que Neville acaba descobrindo sobre sua hóspede mais do que gostaria de saber... cessam aqui os spoilers do livro, que também ganhou uma versão em quadrinhos.



O filme de 2007, com Will Smith a terceira adaptação conhecida da obra para os cinemas, dá a história original um tratamento interessante. Dessa vez, o meio de infecção não é uma bactéria exótica, mas um vírus alterado geneticamente para realizar a cura do câncer- que dá tremendamente errado, matando boa parte da humanidade e convertendo a maioria dos restantes em mutantes canibais. Nessa versão, Neville é um virologista treinado que vive numa Nova York tomada por animais selvagens e pela versão do filme dos infectados, que busca diariamente a cura para o vírus dentro de um laboratório em sua casa. 

A atuação de Will Smith, que contracena com um pastor alemão fêmea, é convincente em mostrar como acaba ficando um ser humano isolado por tanto tempo. O mais surpreendente é o final do filme, que tem uma mensagem cristã subjacente- de sacrifício abnegado de uma pessoa pelo resto da humanidade. O final alternativo, que não foi para os cinemas, é ao meu ver ainda melhor do que o final escolhido pelos roteiristas, pois passa uma mensagem de perdão e compreensão.

Ao final, o filme acaba tendo uma abordagem grandemente diferente do livro; o Neville que passa a ter de aceitar como inevitável o triunfo da nova sociedade baseada na violência contra o diferente é distinto do Neville que salva a civilização ocidental tradicional com sua própria morte ou do Neville que consegue criar empatia com os monstros que perseguiu a vida toda.

Assim, o livro original, e o filme com seus dois finais acabam não sendo obras de uma mesma linha, mas sim textos radicalmente diferentes entre si, tendo cada um seu valor artístico-e não sendo cada uma melhor nem pior do que as outras, mas sim abordagens diversas para uma mesma ideia.

Valem a pena a leitura e a assistida.

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