No passado moderno, anterior a era contemporânea, pós-moderna e pós-pós-moderna, a Literatura era definida como as obras estritamente literárias: texto sobre um suporte fixo, ou tendente a ser fixável, e indexável de uma forma coerente. Assim, existiam não só o alto cânone e as obras de massa, definidos pela crítica especializada e pelo grande público, como passaram a ser aceitas como parte de uma literatura menor, com ‘’l’’ minúsculo, textos meta literários ou referenciais; o jornalismo diário, guias de TV, romances de aeroporto feitos de forma padronizada, roteiros de telenovela e seriados industrializados.
A contemporaneidade confundiu ainda mais essa situação. A emergência dos filmes interativos, videogames e da internet, das obras não-lineares e de autoria difusa, mas, ainda assim, imbuídas de enredo e regras de narrativa, tornaram a antiga distinção entre ‘’Literatura’’ e ‘literatura’’ ainda mais questionável, porque nos espaços digitais não raro os grandes críticos emergem da própria massa do público, e não possuem poder para realizar avaliações para realizar avaliações puramente qualitativas que não possam ser questionadas.
Nos espaços virtuais, as avaliações têm de ser quantitativas, e são confrontadas em pouco tempo com a avaliação da massa consumidora. Nesse cenário, é possível que a distinção entre as obras com valor literário no sentido clássico e as obras de massa permaneça, mas maneira que as primeiras serão oferecidas ao público tenderá a se tornar parecida com as segundas. O fim da sacralidade da crítica significará que o autor não poderá mais usar mais a pura presunção de qualidade como diferencial, e terá de procurar diretamente o público para ser ouvido.
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