quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Concurso Distrital de Oratória- ''Discurso de Ódio''



Este mês, no dia 19/09/2020, participei do Concurso Distrital de Oratória do Distrito 4391 do Rotaract, escolhendo como tema do meu discurso “O papel do Rotaractiano frente aos crimes de ódio: conflitos e possibilidades.” Segue abaixo uma cópia do texto que escrevi para discursar no dia da competição. 

Contextualização: O discurso de ódio e a violência contra determinadas populações nunca ficaram tão em evidência como nos últimos anos. Em 2018, divergências políticas escancararam diversos episódios, ocasionando em média 33 ocorrências de crimes de ódio por dia, segundo o Mapa do Ódio realizado pela Words Heal the World. Pregando valores na contramão da chamada “epidemia do ódio”, a instituição a qual pertencemos tem um papel claro como agente de transformação social e potencial formador de opinião.

      O grande líder Nelson Mandela tinha o seguinte pensamento: ‘’Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa de sua cor de pele, religião ou origem. As pessoas são ensinadas a odiar. E se elas podem ser ensinadas a odiar, podem, ao invés disso, serem ensinadas a amar.’’ Essa frase do Mandela deixa bem claro que o ódio não é natural do ser humano, mas é algo ensinado culturalmente a ele por grupos de poder, que buscam vantagens políticas e econômicas sobre os grupos que são discriminados e marginalizados.

       Hoje em dia, apesar das pessoas estarem cada vez mais conectadas através do mundo virtual, as sociedades estão cada vez mais divididas por variadas questões: divergências políticas, religiosas, étnicas, entre outras. Além disso, apesar das minorias sociais terem conquistado cada vez mais direitos através de suas lutas, parece que esse fato gera reações cada vez mais violentas por parte daqueles que são contra a efetivação de tais direitos.

        As eleições de 2018, no Brasil, levaram a um recrudescimento dos crimes de ódio, e o caso mais emblemático disso foi o assassinato do capoeirista Mestre Moa do Katendê, após um acalorado debate sobre política nm bar de Salvador. A disputa entre o dito campo conservador e o autodenominado campo progressista, não só no Brasil como no resto dos países ocidentais, gerou um clima de guerra dentro da sociedade, aonde ambos os lados trocam agressões e ofensas crescentes.

      Esse clima de guerra foi adicionado a uma realidade já preocupante, aonde problemas como o racismo, misoginia, capacitismo, homofobia e outras questões afetam as pessoas há décadas, quando não há séculos. Essa situação gera desesperança, pois faz acreditar que existem mais pessoas e grupos dedicadas a promover a raiva, o ressentimento e a tristeza, do que aquelas que desejam promover o bem.

     O papel do rotaractiano, nesse contexto, é ajudar a fazer prevalecer justamente o contrário disso, é ajudar a fazer prevalecer justamente o contrário, demonstrando para aqueles que sofrem, que existe alguém que se importa com seu sofrimento. O discurso de ódio existe por uma razão: porque há aqueles que reagem a ele com o mesmo rancor e despeito com o qual ele é construído.

     Essa forma de reagir é algo desejado pelo disseminador do ódio, porque permite a ele demonstrar a sus seguidores que ‘’O Inimigo’’ se sente incomodado pela causa que ele defende. Ao invés disso, o rotaractiano pode demonstrar aos ofendidos que existem formas mais produtivas de se reagir ao discurso de ódio, procurando a proteção da lei, e o apoio de outras pessoas que passam por situações semelhantes.

     Em relação a quem propaga o discurso de ódio, é possível exortá-lo, de forma didática e respeitosa, de que aquilo que ele faz não é bom para sociedade e não tem espaço no mundo moderno. Se essa pessoa tiver boa vontade, irá buscar mudar seu modo de pensar e agir, progredindo como ser humano. Caso não o faça, estará condenando a si mesma a ficar cada vez mais isolada, tendendo a se tornar cada vez mais irrelevante a medida que a sociedade evolui.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

Anime: Aggretsuko

 


Navegando no site TV Tropes, encontrei essa joia da animação: o anime Aggretsuko. Fiquei curioso para assistir, e não me arrependi de ter começado. O ponto inicial que me atraiu foi o fato de cada episódio da série ter no máximo 15 minutos, o que significa que você não ficará horas assistindo para ter avanços mínimos no enredo. Outra ponto interessante: é um anime que inicialmente pode ser subestimado por seus protagonistas serem animais fofinhos, visto que a série é feita pelos mesmos produtores de Hello Kitty. Ledo engano. A animação é centrada na panda-vermelho Retsuko, que acabou de se formar e ingressou nas fileiras de uma grande corporação japonesa, no setor da contabilidade. Inicialmente ela se sente limitada pelas vicissitudes da vida de escritório, como ter um chefe machista e abusivo, e colegas que bajulam esse chefe para conseguirem facilidades no trabalho. 

Quando o anime começa, ela já está há cinco anos na empresa, e não tem grandes perspectivas na vida, mas aos poucos as coisas começam a mudar. Ela começa a se relacionar mais com os colegas, descobrindo que eles não se encaixam apenas nos estereótipos que aparentam, mas são pessoas complexas, com sonhos, virtudes e defeitos, assim como ela mesma. Interagindo com esses colegas, e se tornando cada vez mais amiga deles, Retsuko passa a perceber que existe mais no seu trabalho do que ela podia imaginar, e que até mesmo o chefe abusivo e alguns colegas um pouco chatos podem ajudar quando se está com problemas. No campo dos relacionamentos amorosos, Retsuko acaba descobrindo, também, que não é possível ficar por muito tempo com quem não colabora para a relação se manter, ou não tem pretensões de uma vida em conjunto, e acaba ganhando auto-estima mesmo com a falha dessas relações.

Assisti as duas temporadas disponíveis e o especial de Natal com minha noiva, nessas férias, e tivemos bons momentos assistindo- é quase impossível assistir a série sem lembrar de algum colega de trabalho ou faculdade, ou de algum comportamento que nós próprios tivemos em algum momento de nossas vidas. O anime está disponível na Netflix, e, posso garantir, vale cada minuto do tempo investido nele.




domingo, 19 de julho de 2020

Os limites do humor



Eu acompanhava os vídeos do influenciador Mário Júnior através de minha noiva, que me mostrava no seu celular gravações originais e paródias editadas, das produções do jovem rapaz. Ver esses vídeos eram uma parte divertida dos meus dias de quarentena, num época aonde existem tantas pessoas sofrendo. Para minha triste surpresa, ela me passou um vídeo mostrando o jovem em questão quase chorando, após ser humilhado numa entrevista com a equipe do Pânico na TV. Senti uma grande pena do rapaz, e revolta diante da tremenda insensibilidade dos entrevistadores. Eles puniram Mário pelo crime de ser melhor humorista do que eles jamais seriam, pois produzem um humor decadente e apelativo que não chega aos pés do que ele produz.

Senti vergonha de mim mesmo, por, quando mais jovem, acompanhar o Pânico, e sentir graça de piadas que hoje percebo não terem graça nenhuma. Piadas humilhando mulheres, minorias, pessoas em situação de rua e várias outras categorias de pessoas que já sofrem o suficiente sem ninguém ficar tripudiando delas.

Há não muito tempo atrás, lembro que o auto-denominado‘’humorista’’ Danillo Gentili fez piada com uma mulher que doava leite materno para mães que, por variadas razões , não conseguiam fornecer leite para os próprios filhos. A mulher processou o ‘’humorista’’ e logrou vitória, porém teria ficado tão traumatizada com a situação, que não conseguiu fornecer leite, privando várias crianças desse alimento tão vital, que ela fornecia sem esperar nenhum ganho por isso além da satisfação de fazer o bem.

Da mesma forma os ‘’humoristas’’ do Pânico, quiseram tirar vantagem do jovem Mário Júnior, que através de sua arte, produzia felicidade para pessoas que, além de todas as dificuldades que passavam normalmente em suas vidas, sofrem com os efeitos da crise mundial do COVID-19. Diante disso, fica a pergunta: a quem serve um ‘’humor’’ que ao invés de deixar as pessoas felizes e motivadas, apela para os instintos mais baixos do ser humano, como a inveja, o senso de superioridade e o despeito? Como bombeiro militar, cuja função, junto com meus colegas de farda, é salvar vidas, me solidarizo com o jovem Mário Júnior, pois ele pode ter ajudado a evitar que várias pessoas fizessem mal a si mesmas, por se sentirem felizes e acolhidas pelas mensagens de amor e esperança que ele passa.

Não é verdade que o seu trabalho, jovem Mário, é algo passageiro e que será logo esquecido quando surgirem outras novidades. Você poderá não ter a mesma visibilidade de agora, mas tem potencial para evoluir muito mais nas artes cênicas, estudando e aprimorando o talento nato que você possui. Mantenha a força, e grande abraço.

terça-feira, 30 de junho de 2020

Pedagogia do Interregno



Texto realizado na UNILAB, no ano de 2017, como resposta a uma atividade sobre Boaventura de Sousa Santos.

''Ao invés de fazer perguntas separadas, achei mais apropriado deixar meus questionamentos num único texto. Acredito numa alternativa algo diferente da proposta por Boaventura de Sousa. Eu acredito que os problemas que hoje afetam países como o nosso poderiam ser resolvidos através de uma narrativa heroica, que unificasse o povo em torno de um projeto nacional.

Acredito que a alternativa proposta por Boaventura não tem viabilidade devido a dois grandes fatores. Primeiro, depende de uma solidariedade internacional difícil de sustentar diante das divergências de interesses locais, e segunda, deriva de uma esquerda que está tão esgotada quanto as outras ideologias de origem ocidental.

A pedagogia libertadora que ele propõe, não é de interesse sequer aos governos e regimes de cunho progressista, porque o que eles chamam de educação libertadora é na prática formação de militantes partidários ou de causas sociais restritas, e é na prática tão conformista quanto a educação hegemônica a que se propõe como antítese.

A época atual aparenta ser nebulosa porque se trata de uma época de interregno, aonde a liderança euro-americana está ao pouco sendo substituída por uma liderança sino-indiana; e como a existência da ameaça nuclear e a interdependência financeira impossibilitam a troca de liderança através de uma guerra aberta, ela ocorre através de um lento apodrecimento da hegemonia euro-americana, enquanto o novo núcleo, também em situação questionável, amadurece para assumir seu lugar, podendo definir uma nova ordem mundial no processo.

Uma pedagogia mais adequada a essa realidade, aonde cada país ou bloco regional teria de aprender a sobreviver por si mesmo num mundo crescentemente desregulado e sem leis claras, poderia ser chamado de pedagogia do interregno. Seria uma pedagogia centrada em valores como orgulho nacional, civismo, e dever, valores deixados de lado tanto pela elite liberal como pela esquerda nos anos 90, e que poderiam fazer emergir da juventude uma vanguarda que liderasse o país pelo exemplo, permitindo a superação da crise econômica e do esgotamento moral que ocorrem atualmente.''

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Redação ENEM 2019- Democratização do Acesso ao cinema


        ''Atualmente, ir ao cinema é considerado um hábito refinado. Cobra-se não só um valor relativamente alto no ingresso em si, como também um alto valor na pipoca, refrigerantes e outros alimentos no entorno dos cinemas, sem falar no custo crescente do transporte ou do estacionamento.
         Comparativamente, é mais acessível pagar por um serviço de TV por assinatura ou streaming, e assistir a um filme na comodidade de sua residência, numa TV Digital, computador ou projetor, do que ir a um cinema que ofereça tela grande e som estéreo, mas com custo-benefício pouco atraente.
          É possível que tal situação ocorra por uma falha no sistema cultural brasileiro: damos subsídios relativamente altos aos produtores de obras de todo tipo, mas não investimos nem incentivamos o marketing e a distribuição.
           Devido a essa falha, produzimos obras-primas que não alcançam a grande massa, e ficam restritas a uma parcela intelectualizada da população.
          Outro ponto, é que devido aos altos custos para se manter uma sala funcional, os exibidores apenas rodam filmes que tenham certeza garantida de gerar retorno, para poderem se manter no mercado.
          Assim, para garantir que haja mais salas funcionando, e com mais filmes nacionais e de boa qualidade, talvez seja necessário adotar uma política de fomento aos distribuidores, da mesma maneira que há uma para os produtores, para garantir que seja comercialmente viável abrir cinemas mais remotos do país, como um dia fora no passado.''

segunda-feira, 30 de março de 2020

Resenha- Dois Papas



Assisti ontem esse maravilhoso filme. Ele não é feito para quem gosta de ação ou disputas de poder- mas para quem tem paciência e um espírito filosófico. Misturando realidade com um pouco de ficção, o filme é baseado na interação entre duas figuras com idéias bastante díspares do que significa liderar, cada um deles com suas convicções e contradições.
Antes de ver esse filme, eu não nutria grande simpatia pelo Papa Bento XVI, mas vendo a brilhante interpretação feita por Anthony Hopkins, pude o compreender melhor como ser humano- alguém com suas falhas e imperfeições, mas disposto a abrir espaço para alguém que pensa diferente dele porque sabe que essa pessoa trará mudanças que sua organização precisa.
Quanto ao Papa Francisco, interpretado de forma não menos brilhante por Jonathan Pryce, ver a versão mostrada no filme aumentou ainda mais meu respeito por ele- porque percebi nele uma pessoa que teve que tomar decisões dificeis para proteger aqueles que amava, e sentindo culpa pelos erros que cometeu, passou a buscar redenção por esses erros.
Fortemente recomendado para estes tempo de quarentena, mesmo para quem não é católico ou religioso.

sábado, 28 de março de 2020

Diário de Campanha

28/03/2020

Há duas semanas, eu nem sequer esperava que o mundo pudesse virar de pernas para o ar como está agora. Tinha achado que era apenas mais uma dessas novas doenças que surgem de 5 em 5 anos, geram um monte de repercussão na mídia, mas não atingem nenhum amigo ou parente próximo.

Quando a pestilência chegou aqui, eu demorei para aceitar a realidade. Menos de uma semana antes do vírus chegar ao Brasil, minha noiva veio me ver, prevendo que logo após, fechariam todas as estradas. O amor e o carinho que ela me deu me deram ânimo para aguentar estar sozinho durante esses tempos.

Tentei me manter tranquilo. Voltei a preparar comida em casa, para não ir a restaurantes e gastar menos dinheiro, e consegui fazer bons pratos em casa. Comer um feijão feito por mim mesmo é uma sensação que eu tinha esquecido e achei muito boa.

Passei a manter contato constante, na Internet, com parentes e amigos, para saber se eles estão bem, e para que elas saibam que estou bem. Porém, pude perceber também que as pessoas estão tão tensas, que estão brigando entre si nas redes sociais como forma de canalizar essa tensão.

Uma das primeiras baixas dessa pandemia foi a civilidade que as pessoas mantinham em relação aquelas com as quais tem pensamentos antagônicos. Eu próprio perdi um bom tempo nas redes sociais, que poderia ser melhor utilizado para realizar meus projetos pessoais, que não dependem de nenhum recurso especial além de foco e concentração da minha parte.

Na próxima semana, tentarei mudar essa situação. As pessoas estão desperdiçando tempo e energia com questões que não tem autoridade para resolver, e, portanto, estão fora da alçada delas. Vou tentar manter a serenidade, para futuramente, não cometer esse erro.

Redação CBMBA- Tecnologia

A tecnologia pode dar suporte a Segurança Pública numa questão bastante óbvia: diminuir a quantidade de pessoal administrativo e permitir co...