Eu acompanhava os vídeos do influenciador Mário Júnior através de minha noiva, que me mostrava no seu celular gravações originais e paródias editadas, das produções do jovem rapaz. Ver esses vídeos eram uma parte divertida dos meus dias de quarentena, num época aonde existem tantas pessoas sofrendo. Para minha triste surpresa, ela me passou um vídeo mostrando o jovem em questão quase chorando, após ser humilhado numa entrevista com a equipe do Pânico na TV. Senti uma grande pena do rapaz, e revolta diante da tremenda insensibilidade dos entrevistadores. Eles puniram Mário pelo crime de ser melhor humorista do que eles jamais seriam, pois produzem um humor decadente e apelativo que não chega aos pés do que ele produz.
Senti vergonha de mim mesmo, por, quando mais jovem, acompanhar o Pânico, e sentir graça de piadas que hoje percebo não terem graça nenhuma. Piadas humilhando mulheres, minorias, pessoas em situação de rua e várias outras categorias de pessoas que já sofrem o suficiente sem ninguém ficar tripudiando delas.
Há não muito tempo atrás, lembro que o auto-denominado‘’humorista’’ Danillo Gentili fez piada com uma mulher que doava leite materno para mães que, por variadas razões , não conseguiam fornecer leite para os próprios filhos. A mulher processou o ‘’humorista’’ e logrou vitória, porém teria ficado tão traumatizada com a situação, que não conseguiu fornecer leite, privando várias crianças desse alimento tão vital, que ela fornecia sem esperar nenhum ganho por isso além da satisfação de fazer o bem.
Da mesma forma os ‘’humoristas’’ do Pânico, quiseram tirar vantagem do jovem Mário Júnior, que através de sua arte, produzia felicidade para pessoas que, além de todas as dificuldades que passavam normalmente em suas vidas, sofrem com os efeitos da crise mundial do COVID-19. Diante disso, fica a pergunta: a quem serve um ‘’humor’’ que ao invés de deixar as pessoas felizes e motivadas, apela para os instintos mais baixos do ser humano, como a inveja, o senso de superioridade e o despeito? Como bombeiro militar, cuja função, junto com meus colegas de farda, é salvar vidas, me solidarizo com o jovem Mário Júnior, pois ele pode ter ajudado a evitar que várias pessoas fizessem mal a si mesmas, por se sentirem felizes e acolhidas pelas mensagens de amor e esperança que ele passa.
Não é verdade que o seu trabalho, jovem Mário, é algo passageiro e que será logo esquecido quando surgirem outras novidades. Você poderá não ter a mesma visibilidade de agora, mas tem potencial para evoluir muito mais nas artes cênicas, estudando e aprimorando o talento nato que você possui. Mantenha a força, e grande abraço.
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