quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

No Uber


Estava mais cedo no Uber, indo resolver uma questão de trabalho.

Comecei a conversar com ele mais ou menos na parte final do roteiro. Ele falou que trabalhava com óticas, ajudando a vender óculos aonde as redes tradicionais tinham dificuldade de chegar. 

Por coincidência, estava levando o maravilhoso exemplar da foto, a lupa de Tom Cruise que minha noiva gosta de chamar de "óculos T-1722 Mitonator" porque lembra os óculos usados pelos MAVs e Bots do Capitão nos perfis das redes. 

Bem, eu de fato comprei ele num stand de tiro e suprimentos para policiais e seguranças né. 

Acredito que não e o tipo de lugar que você encontraria um boné do MST, por exemplo, pelo menos não entre os produtos para venda.

Eu estava querendo terminar os afazeres e no bairro, tentar achar uma ótica ou relojoaria aonde o óculos pudesse ser desempenado, no fim do dia. 

No fim da corrida, mostrei o óculos ao motorista, e perguntei se tinham salvação.

Ele me pediu que lhe passasse.

Ofereci emprestar o uso de uma multi-tool que tinha comigo, por sinal comprada na mesma loja de suprimentos, mas ele disse que suas mãos bastavam.

Ele fez rapidamente o que poderia ser descrito como uma mini-sessão de RPG para armações empenadas, em cima da própria base do volante.

Me deu os óculos, consertados, e não me cobrou nada a mais por isso, além do valor da viagem que tinha feito.

Mais cedo, eu tinha planejado ir de ônibus, para economizar no transporte.

Teria tido que sair mais cedo, demorado mais, e talvez não achasse essa oportunidade.

A vida tem dessas coisas estranhas. 

Assim como este motorista, aprendemos várias habilidades, tentamos vários empreendimentos, para fazermos um dia as coisas darem certo para nós e quem gostamos.

Essa é nossa luta na correria de vida. 

Apesar dos percalços, vale a pena.

Agora eu sei porque, ainda assim, nós sorrimos.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

O atual cenário


          Para entrar no meu emprego atual, fiz uma redação no qual falava como figuras como Eike Batista e Bel Pesce decepcionaram aqueles que acreditaram neles. 

          Agora, vejo um cenário semelhante: Magalu, Nubank e Netflix foram grandes promessas, mas agora estão dando problema. Warren Buffett fez uma forte crítica as criptos, outra esperança das pessoas.

          Parece que estamos num ambiente que surgem muitos negócios e oportunidades novas, mas ao mesmo tempo modelos promissores desabam como castelos de cartas. Temos várias empresas e investidores individuais procurando o novo "Oceano Azul", mas por enquanto estamos num mar vermelho, onde se mata e morre por qualquer oportunidade.

         Qual o segredo para se conseguir o lugar ao Sol num cenário tão incerto, aonde ‘’tudo que é sólido desmancha no ar?’’ Acredito que ao mesmo tempo que é um mundo que busca inovação, não se deve esquecer do que os nossos ancestrais já sabiam que dava certo:

         ‘’Não trocar dinheiro por papel pintado’’: evite achar que estar movimentando um monte de dinheiro significa estar realizando lucros.

        ‘’Não colocar o carro diante dos bois’’: não realizar projetos avançados demais, que depois não vai ter condições de efetivar comercialmente.

         ‘’Se saíres para a vingança, prepara duas covas’’ : se você tem um concorrente que realiza práticas predatórias, copiá-lo nesse intento provavelmente levará a destruição de ambos.

          Essas, e outras frases da sabedoria popular e dos livros sagrados, nos permitem ter sabedoria para viver mesmo nesse ambiente incerto, e quiçá alcançarmos a vitória.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Admirável 1984

      

         Quando eu era adolescente, participei de um debate sobre as distopias 1984 e Admirável Mundo Novo. Eu lembro que falei, naquele momento, que éramos mantidos sob opressão de formas semelhantes a ambos os cenários. Na época, eu próprio não entendia muito bem o porquê, mas agora entendo.

         Começarei por Admirável Mundo Novo. Aquela obra descrevia a idiotização humana através da transformação do mundo num parque de diversões. De uma certa forma, é o que ocorre hoje. Os streamings nos oferecem mais séries e filmes do que somos capazes de absorver; os sites de compras nos vendem mais produtos do que somos capazes de consumir; o fast food, mais nutrientes do que somos capazes de processar. Somos mantidos sempre sob a sensação de que existe mais diversão no mundo que seríamos capazes de aproveitar, ao mesmo tempo que nos sentimos vazios por dentro, e resolvemos esse vazio com álcool, drogas, promiscuidade, etc.…

        Já em relação a 1984: as sociedades se dividem naturalmente em campos antagônicos, seja devido a política, religião, agremiações esportivas, etc… Os intelectuais orgânicos de cada campo domesticam seus apoiadores a odiarem ferrenhamente seus adversários e a idolatrar cegamente seus líderes, de forma a manter seus membros num estado constante de fúria homicida, porém sem jamais conseguir destruir completamente o inimigo, que sempre muda de forma. Cada campo ideológico funciona como uma Oceania em miniatura, com os eleitores regulares sendo os ‘’proles’’, os militantes comuns sendo o ‘’Partido Externo’’, e militantes mais avançados sendo o ‘’Partido Interno’’. O Grande Irmão, é claro, se trata do dirigente que os intelectuais desejam colocar ou manter no poder.

          Como essa realidade nos oprime? Primeiro: assoberbados de centenas de oportunidades diferentes que nenhuma pessoa teria jamais condições de processar, nos sentimos fracassados por não termos condições de aproveitar tudo o que existe. Segundo: somos doutrinados a odiar incondicionalmente pessoas que na verdade não são muito diferentes de nós, mesmo sendo ensinados na escola que a democracia é a convivência negociada do que é diferente. 
             
                Em resumo: tendo muitas escolhas, e a chance de trabalhar pouco por muito, acabamos tendo escolha quase nenhuma, e trabalhando muito por muito de poucas coisas; e, alegando defender a democracia e a liberdade das maquinações de nossos adversários, acabamos, juntamente a eles, destruindo a democracia e a liberdade que ambos dizemos prezar.

        Estamos remando a galé de nossa própria escravidão, porque a maneira que buscamos liberdade nos prende ainda mais a ela. Diante disso, fica a pergunta: como recuperarmos nossa humanidade? Como deixarmos de ser meras máquinas de consumir e odiar? É possível exercermos um consumo saudável e consciente? É possível participarmos da política, da religião, da ciência e da cultura, sem nos tornamos reféns dos mercadores de ódio? Não há respostas fáceis para essas perguntas. Eu mesmo não as sei. O que sei é, que procurando-as, de todo nosso coração, poderemos ter uma vida mais digna, uma vida sob nosso controle. Uma vida humana.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Jogos da Pais&Filhos

 


       O Hiper do Galinho me mandou fotos dos jogos que eles possuem.

       Em ''Pulo do Gato'', o objetivo é posicionar um gato numa torre que cresce a cada vez que o jogo avança.

       No ''Faça Face'' o objetivo é montar rostos até corresponderem a um modelo padrão.

        No ''Aprendendo as Horas'', cada jogador precisa avançar com seu relógio até o meio dia, antes dos outros.

       O ''Constru-shop'' é uma espécie de dominó no qual cada jogador monta um pequeno shopping, encaixando lojas uma com as outras para fazer um shopping melhor que os adversários.

        O ''Jogo do Mico'' e a ''Arca de Noé'' são jogos de memória envolvendo casais de animais.

        Eles também possuem um jogo sobre o trânsito, que não estava disponível na loja, e tem uma pequena maleta de mágicas.




domingo, 3 de abril de 2022

Notas Filosóficas- Olavo e Dugin

    
          Um professor meu me apresentou um debate entre dois grandes expoentes do conservadorismo moderno: Olavo de Carvalho e Aleksander Dugin. Pelo pouco que lembro do debate, Dugin mostrou grande superioridade em relação a Olavo de Carvalho, que voltava o tempo todo para o mesmo argumento central. Apesar do debate ter me feito ver Olavo como um indivíduo monotemático e pedante, acredito que, porém, a vitória de Dugin foi vazia. Olavo tem uma visão de mundo, na qual ele acredita que os Estados Unidos dos anos 50 foram a coisa mais próxima do Paraíso que a Terra já teve, e que se o mundo fosse moldado a essa imagem seria muito melhor.
          É claramente uma visão infantil e equivocada, mas pela qual é possível ter algum respeito, porque é possível perceber que Olavo realmente acredita nas maluquices que inventa. Dugin, porém, inventou uma ideologia que mistura o pior do stalinismo com o que há de mais cretino no nazismo, com o intuito claro de servir como instrumento de influência do serviço secreto da Rússia, em troca de poder e dinheiro.
          A elegância e a polidez que Dugin demonstra mal escondem um indivíduo cínico e perverso, que deseja o poder pelo poder. Olavo, mesmo sendo um indivíduo com fortes indícios de possuir um transtorno mental grave, é alguém que demonstra princípios, que luta por uma ideia. O paleoconservadorismo de Olavo, embora também sirva a potências estrangeiras, é mais tolerável que o neofascismo pós-moderno de Dugin, que é repugnante em todos os aspectos.
         Olavo acredita num modelo de civilização equivocado e ultrapassado, mas que ainda assim é civilização. Dugin é a barbárie. Tendo que escolher entre um ou outro, ainda prefiro o nosso Olavo.

 

sábado, 2 de abril de 2022

Consórcios

           

           A vida é uma eterna concorrência. É inevitável termos que lutar contra alguém por tudo o que temos. O que torna a disputa ainda mais destrutiva, porém, é uma visão errada de como a competição funciona. Brigamos achando que a vida é uma luta para matar ou morrer, e agimos dessa maneira uns com os outros. Na verdade, ela é mais semelhante a um consórcio. O consórcio é um modelo de concorrência onde várias companhias submetem a um comprador (geralmente o governo, ou uma companhia maior) um projeto de produto, que o comprador pode aceitar ou não.

          O comprador compara os projetos, e escolhe o que tem melhor custo-benefício. O projeto sendo escolhido, a companhia que entregou o melhor projeto recebe a liderança da construção dele, e as outras companhias recebem cada uma parte da empreitada, de acordo com o que cada uma seja capacitada a construir. O comprador faz isso para não dar a uma única companhia poder demais, e permitir que as outras, e os empregos que elas possuem, não sejam destruídos por inanição.

        O que nos faz agir com violência, é achar que é mata-mata um jogo que na verdade é um grande consórcio. A maneira que as coisas funcionam não permite a uma única pessoa ou grupo de pessoas, tomar controle total de todo o processo produtivo, necessitando inclusive daquelas que parecem mais fracas para entregar seu projeto ao comprador.  
        Nossa sociedade é um corpo, onde cada órgão cumpre sua função, sem que um seja melhor ou pior que o outro. Termos consciência disso permite agirmos sem querer destruir completamente nossos adversários na luta pela existência. Conseguir vitória total significa destruir os outros órgãos que nos permitirão receber pelos produtos entregues. Todos precisam de todos, e ninguém vence sozinho.

domingo, 19 de dezembro de 2021

Notas Filósoficas. 39: Da Revolução Brasileira

 

             O que torna mais difícil uma grande revolução no Brasil, é um fato simples da política; nem todo mundo que é confiável é competente, nem todo mundo que é competente é confiável. Se uma possível revolução não tiver a disposição um bom número de pessoas ao mesmo tempo confiáveis e competentes, ele irá falhar miseravelmente e deixar o país numa situação pior do que antes dela ser declarada.

               Temos muita gente que gostaria que nosso país tivesse protagonismo como a Rússia, a Índia e a China, mas pouca gente disposta a viver o que a Rússia, a Índia e a China passaram, ou tampouco viver num país cujos direitos civis e trabalhistas sejam iguais aos dos países citados.  

                Líderes como Amilcar Cabral, Nehru, e Mustapha Kemal, entre outros, podem nos mostrar possíveis caminhos, mas para efetivarmos as mudanças que o Brasil precisa para se afirmar como potência, teremos de buscar um caminho novo, ao invés de meramente copiarmos cegamente os modelos de outros países.

Redação CBMBA- Tecnologia

A tecnologia pode dar suporte a Segurança Pública numa questão bastante óbvia: diminuir a quantidade de pessoal administrativo e permitir co...