domingo, 3 de abril de 2022

Notas Filosóficas- Olavo e Dugin

    
          Um professor meu me apresentou um debate entre dois grandes expoentes do conservadorismo moderno: Olavo de Carvalho e Aleksander Dugin. Pelo pouco que lembro do debate, Dugin mostrou grande superioridade em relação a Olavo de Carvalho, que voltava o tempo todo para o mesmo argumento central. Apesar do debate ter me feito ver Olavo como um indivíduo monotemático e pedante, acredito que, porém, a vitória de Dugin foi vazia. Olavo tem uma visão de mundo, na qual ele acredita que os Estados Unidos dos anos 50 foram a coisa mais próxima do Paraíso que a Terra já teve, e que se o mundo fosse moldado a essa imagem seria muito melhor.
          É claramente uma visão infantil e equivocada, mas pela qual é possível ter algum respeito, porque é possível perceber que Olavo realmente acredita nas maluquices que inventa. Dugin, porém, inventou uma ideologia que mistura o pior do stalinismo com o que há de mais cretino no nazismo, com o intuito claro de servir como instrumento de influência do serviço secreto da Rússia, em troca de poder e dinheiro.
          A elegância e a polidez que Dugin demonstra mal escondem um indivíduo cínico e perverso, que deseja o poder pelo poder. Olavo, mesmo sendo um indivíduo com fortes indícios de possuir um transtorno mental grave, é alguém que demonstra princípios, que luta por uma ideia. O paleoconservadorismo de Olavo, embora também sirva a potências estrangeiras, é mais tolerável que o neofascismo pós-moderno de Dugin, que é repugnante em todos os aspectos.
         Olavo acredita num modelo de civilização equivocado e ultrapassado, mas que ainda assim é civilização. Dugin é a barbárie. Tendo que escolher entre um ou outro, ainda prefiro o nosso Olavo.

 

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