quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Resenha: ''Saúde: Mercado de Sucesso''


     O Dr. Tailan escreveu seu livro para quem deseja empreender no ramo da saúde, porém na verdade possui conselhos que podem ser úteis para qualquer pessoa que queira fazer um negócio ou projeto dar certo. Ele ensina de forma bastante didática os passos a serem tomados depois que o profissional termina sua graduação, e indica também os equívocos e maus investimentos que podem fazer ele ficar parado no tempo e espaço, sem progredir na sua carreira.

      Ele dá esses conselhos numa obra compacta, simples e direta, baseada na sua vivência pessoal como bio-médico e empresário. Um ponto a se destacar é a importância que ele dá a qualificação constante, para poder prestar aos clientes o melhor serviço e se destacar no mercado, que apesar de ter uma grande concorrência, costuma recompensar aqueles que buscam ser mais do que apenas mais um entre vários. Vi muitos paralelos da trajetória do Dr. Tailan como empreendedor com minha própria carreira no serviço público e na cultura, aonde aprendi através de tentativa e erro como ser um profissional e artista melhor. 

     A obra do Dr. Tailan busca ensinar justamente como evitar a maior parte dos erros, e progredir naturalmente para uma carreira estável e bem sucedida. Vi na obra dele mensagens muito semelhantes as encontradas em ‘’Quem mexeu no meu queijo’’ e ‘’A Estratégia do Oceano Azul’’, sob um novo ponto de vista. Ele guia o leitor através da luta pela realização profissional do mesmo jeito que o general Sun Tzu aconselha a guiar tropas para a vitória, em ‘’A Arte da Guerra.’’ Espero aplicar as lições passadas pelo Dr. Tailan em minha própria vivência, e alcançar, como ele, sucesso nos meus objetivos.

Como contatar o autor:

www.instagram.com/drtailanfroes/ (Instagram)

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Bolsonaro, Guerrilheiro e Revolucionário

                                    

       A esquerda comete um grande erro em relação ao Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro. Esse equívoco, bastante infantil por sinal, consiste em insistir em achar que o Presidente, após conseguir ser eleito para variados pleitos legislativos há quase 30 anos seguidos, eleger 3 filhos e variados apoiadores Brasil afora, vencer a última eleição presidencial, e passar incólume por vários escândalos e pedidos de impeachment, é um ser completamente imbecil, desprovido de qualquer réstia de inteligência. Sim, é inegável que além de não possuir nenhum refinamento e decoro, ele ainda se orgulha desse fato- mas isso está muito longe de não possuir inteligência.

     Na verdade, o Presidente possui um tipo muito específico de inteligência, o mesmo apresentado por figuras como Benito Mussolini, Joseph Stálin, Francisco Franco e Idi Amim Dada; um profundo senso de oportunidade política, um tipo de inteligência na qual o indivíduo inclusive se faz, propositalmente, ser enxergado como estúpido por seus adversários, que por sua vez, ao se enxergarem como seres muito inteligentes, o subestimam enquanto ele vai crescendo no nos bastidores e no submundo, até ser tarde demais para impedi-lo de conseguir o que quer. Os possuidores desse tipo de inteligência surpreendem aqueles que se recusam a enxergar seu paulatino avanço dentro das instituições, subvertendo-as a medida que vão se infiltrando nelas.

    Os arrogantes e destreinados apenas enxergam essa realidade quando ela, já completamente tomada, se torna irreversível. No caso específico de Bolsonaro, é possível dizer algo mais: ele aprendeu a ser revolucionário, enquanto a esquerda, por sua vez, se tornou conservadora. O leitor pode querer parar o texto nessa parte, mas peço que tenha paciência para continuar, e me permita explicar porque escrevo o que escrevo.

    Dentro de uma visão militar, revolucionário é aquele que se propõe a lutar contra uma dada ordem estabelecida, a partir de uma posição inicial de desvantagem, para através de uma conflagração revolucionária, mudar a ordem a seu favor. Conservador, por sua vez, é aquele que, sendo favorecido pela ordem estabelecida, deseja que tudo continue como está, ou evolua apenas no sentido de favorecê-lo. Desse ponto de vista, a esquerda então dominante poderia ser classificada como A Ordem, o establishment por excelência, enquanto o grupo formado por MBL, Lobão, Moro, Olavo de Carvalho, e o próprio Bolsonaro, eram La Résistance, os rebeldes contra essa dita ordem, que teria passado a dominar o Brasil a partir das eleições de 2002.

    Comparado aos outros guerrilheiros da direita, porém, Bolsonaro possuía uma vantagem: uma plena consciência, possivelmente ganha através de seu treinamento como oficial das FFAA, de que estava travando uma guerra cultural, ou disputa de narrativas, da qual sairia vencedor no longo prazo, graças a muita paciência e sangue frio. A vitória de Bolsonaro em 2018 se deveu justamente a utilizar estratégias tomadas de George Washington, Mao Zedong e Fidel Castro, estratégias que o resto da direita considera heresias e a esquerda desaprendeu a utilizar. Entre elas, estariam as seguintes:

1) Apenas desafie o inimigo para uma batalha campal, depois de tê-lo esgotado através da guerrilha e da subversão:

    Bolsonaro passou anos ajudando a desmoralizar a esquerda, através de sua atuação no Legislativo, mas só realizou uma ofensiva para o cargo executivo mais elevado, quando teve plena certeza de que poderia vencer a disputa.

2) Se alimente dos recursos do seu inimigo:

     Bolsonaro passou parte considerável de sua carreira em partidos da base aliada tanto do PSDB como do PT, recebendo repasses dos próprios operadores financeiros de seus dois maiores adversários. Isso gerava ainda maior vergonha para eles, por não poderem removê-lo do cenário sem receberem punições dos próprios partidos que constituíam sua base de apoio.

3) Converta os maiores apoiadores de seu inimigo nos seus soldados mais fanáticos:

     Um número não pequeno de apoiadores de Bolsonaro, consiste de gente que votava no PT ou em outros partidos de esquerda, não raro desde 1989. Essas pessoas, que eram defensoras fanáticas do PT e de Lula, se tornaram os apoiadores mais fervorosos de Bolsonaro. São pessoas que, desiludidas com a corrupção e decadência da esquerda tradicional, abandonaram seu antigo messias, buscando um novo profeta para tomar seu lugar.

4) Deixe os adversários e concorrentes se autodestruírem ou se matarem entre si:

   Foi o que aconteceu tanto como líderes progressistas, como Cristovam Buarque, Marina Silva, e o próprio Lula, como com aqueles vistos como conservadores, como Aécio, Alckmin, Moro, etc… Bolsonaro deixou todas essas figuras se desgastarem ou brigando entre si, ou com a Justiça e a mídia, enquanto mantinha sua imagem intacta. Dessa forma, dentro da direita e do centro, não existe possibilidade de surgir tão cedo alguém que possa tomar seu lugar, e a esquerda está dividida por disputas partidárias e ideológicas, sem se decidir por um líder capaz de desafiá-lo.

5) Demonstre força moral:

    Enquanto o campo progressista se deixou mostrar como imoral, depravado e corrupto, Bolsonaro construiu cuidadosamente para si uma imagem diametralmente oposta: a de alguém integro, correto, que se importa com os valores da família. Pouco importa se a imagem da esquerda se tornou manchada devido aos atos de uma minoria que não representa o todo, e que a imagem projetada por Bolsonaro não engane quem faz uma análise crítica de sua trajetória: é essa narrativa que foi vendida para a massa do público, e não irá se desfazer tão cedo. 
     Bolsonaro ainda possui, perante seus apoiadores, a imagem de alguém ingênuo e emotivo, que comete erros algumas vezes, mas que deseja honestamente fazer o bem. A imagem que o campo progressista possui, por sua vez, é a de um bando de pequeno-burgueses, corruptos, estrangeirados e afeminados, que disputam entre si para ver quem vai ter o direito de dilapidar e corromper o país quando voltar ao governo. 


      Por fim, esses cinco tópicos demonstram não só a razão da estratégia vitoriosa da campanha de Bolsonaro em 2018, mas também parte da motivação da posição dele no poder se demonstrar tão sólida mesmo havendo tanta oposição ao seu governo. Uma campanha progressista que queira superar Bolsonaro precisa, em parte, fazer o que ele fez: se voltar a um estudo sério dos líderes revolucionários, e líderes revolucionários diversos, e não apenas aqueles que a esquerda tradicional estuda ou finge estudar, para aprender como a construir uma narrativa que possa desconstruir a rede de mentiras e falsas verdades que o olavo-bolsonarismo construiu para chegar ao poder.
      Se trata de uma luta difícil, que envolve, em primeiro lugar, superar as próprias contradições no seio do campo progressista, mas que pode dar frutos num futuro não muito distante. Os americanos, dando ao mafioso e escroque profissional Donald Trump uma merecida derrota, já demonstraram que isso é possível. Além dos líderes já citados, o estudo de figuras como Sun Tzu, Saul Alinsky e Amílcar Cabral pode demonstrar o caminho certo. Quando se pararem de seguir líderes ultrapassados e modelos anacrônicos, talvez seja possível ao campo progressista reconquistar o espaço perdido.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Cordel A Jaguatirica e a Onça- Completo


Texto completo do meu cordel, A Jaguatirica e a Onça, editado em 2019. O deixarei em copyleft para quem desejar tirar cópias e revender ou distribuir, desde que não seja para reproduções em largas tiragens.Aqueles que desejarem uma cópia do arquivo para impressão, podem me pedir no meu Instagram: @nickvladimirins


A Jaguatirica e a Onça 

Por serem primos de raça

De vez em quando saíam

Para pegar uma caça

Para zoar com o primo

A Onça começou a pirraça:


João Tirica rapaz

Voce é mesmo o cara

Pra pegar coisa pequena

Eu num dia pego dez capivaras

Mas mico igual a ti não apanho

Pois meu peso quebra as varas


Onça Armando assim fez o ‘’elogio’’

João entendeu a safadagem

Porém se fez de abestado

Por gostar de molecagem

Já tinha o seu preparado

Pra se vingar dessas bobagens


A Armando ele respondeu

Que era melhor em tudo

E pra garantir ele apostava

O outro se fez de surdo

Achando que e ele era doido

De se medir com o bonzudo


Pra não passar por medroso

Aceitou a aposta absurda

Quem ganhasse era o bom

O outro cão de rua

E quem perdesse dos dois

Que fosse tomar... suco de uva


Os termos diziam

Que ao fim de dez semanas

Seria o caçador mais bacana

Quem trouxesse mais carne fresca

Pra medir com um pé de cana


Jogaram uma moedinha

Pra ver quem ia primeiro

Ganhou o Onça

Apesar de João ser trapaceiro

Armando comemorou

E se saiu ligeiro


No primeiro dia veio

Com ajuda de uma jamanta

Mandou descarregar tudo

Mais de mil quilos de anta

Outros mil de tamanduá

E falou que era só pra janta


Também foi assim

Nos outros seis dias

Armando se esforçando

E João nada fazia

Hospedado em sua casa

De sua caça ele comia


Chegando a vez de João

Ele só fez passear

Pra dizer que algo fez

Ele trouxe uma preá

Assim que botou na mesa

O bicho se pôs a andar


Todo o tempo foi assim

João não fazia nada

O outro pegava meia floresta

Com João na sua taba

Da última ele só trouxe

Amendoim e catuaba



Armando não gostou

Dizendo que contra a Bíblia ele agia

Trazendo fruta em vez de carne

Que nem Caim ele fazia

João se fazia santo pra ouvir

Esperando acabar a ladainha


Sabendo que João tinha as manhas

Armando a Dona Onça disse:

Vigia esse capeta pra mim

Maria Onça Clarisse

E ela falou pra ele

Que contaria o que visse


Armando andava estufado

Na semana final

Se gabava por aí

Se achando mesmo o tal

Mas o que o guariba disse
Tirou-lhe a pose de boçal


Onça Armando, homi

Você tome tenencia!

Pois não sabe o que tem

Em casa na sua ausência

Eu só vou dizer

Para você ter a ciência


É só você virar as costas

Que começa a festa

Eu mesmo me matava

Se me fizessem uma dessas

É sem você estar no lar

Que eles curtem a beça


João come a se fartar

De uma boa rabada

Que por sua bela esposa

É muito bem dada

E ainda chama os amigos

Pra deixar ela preparada


Armando aquilo ouvindo

Sabendo ser feito de otário

Gritou bem alto assim

Aquele salafrário!

Agora ele vai saber

Quem é mesmo aquele Mário!


Chegou em casa correndo

Parecendo um avestruz

Encontrou o primo no quarto

Suando que nem cuscuz

Quando viu ele disse

Tomei chá de mastruz!


Onça Armando gritou

Você saia daí

E num fique trepado

Que nem um sagüi

Se é homem desça

E venha logo aqui


E você Maria Onça

Sai de baixo de colchão

Que você é escolada

Mas não me engana não

Vou ensinar você

Que não sou nenhum Zelão!


Arrastou o primo pra cozinha

E disse pra Tirica

Agora seu miseráve

Você me explica

Porque me enganou

Tirando de minha marmita


Porém abriu a geladeira

E ficou surpreendido

A rabada estava lá

Que guariba bandido

O fez gritar com a esposa

Passando por mau marido


Ao primo João

Quis logo se desculpar

Disse que com a carne

Iria o recompensar

Mas que agora se armasse

Que um safado iam pegar


O guariba, coitado

Não pôde nem responder

Foi ele abrir a digiba

Pra o couro comer

Apanhou tanto nesse dia

Que tenho pena de dizer


Depois disso teve festa

Armando fez um churrasco

Fez em lembrança ao primo

Mesmo tendo o derrotado

Chamaram a floresta toda

Só o guariba não foi lembrado


Meses depois disso

Surgiu a novidade

Maria Onça pariu

E o povo falou com vontade

Metade da ninhada era dela

E do pai outra metade


Aqui acaba a história

Deixando um belo recado:

Se não vive de dedar

Faz bem ficando calado

Pra não ficar que nem o guariba

Que até hoje anda de lado!



domingo, 18 de outubro de 2020

O filme que inspirou o novo jogo do momento



     
   Numa comunidade de colegas do trabalho, vi referências ao jogo Among Us e fiquei curioso para saber sobre o mesmo. Pesquisei no site no qual gosto de pesquisar sobre produtos de mídia, o TV Tropes, e vi que no mesmo constava que o enredo do jogo, além de ser baseado na jogo presencial ‘’Werewolf’’, criado a partir de um jogo soviético chamado ‘’Mafia’’, também tem muitas referências de um grande filme dos anos 80: ‘’The Thing’, de John Carpenter, exibido aqui no Brasil sob o nome ‘’O Enigma de Outro Mundo’’, que por sua vez é baseada no conto ‘’Who goes there?’’ do autor John W. Campbell. 

Nesse filme, uma equipe científica americana na Antártida se depara com os restos de uma base norueguesa cheio de cadáveres carbonizados, em formas que mal lembram corpos humanos de verdade. O único sobrevivente da base são dois homens que tentam desesperadamente matar um cachorro, que eles recolhem, matando os dois homens achando que eles estavam loucos. Em pouco tempo, porém, eles descobrem que o cachorro é portador de uma forma de vida alienígena que toma as células de todas as criaturas vivas com as quais entra em contato físico- e cujos portadores são indistinguíveis dos seres normais, exceto pelo fato de que, quando cortados em pedaços, se subdividem em criaturas menores, que passam a lembrar cada vez menos as criaturas originais que infectaram. 

Surge então um clima de tensão na base, na qual ninguém consegue saber quem ainda é humano e quem é infectado, até os sobreviventes conseguirem um meio para discernir quem é quem, numa corrida contra o tempo para evitar que as criaturas consigam criar uma nave para irem para outros lugares do mundo, ou consigam se congelar num lugar seguro até uma equipe de resgate chegar, e sendo infectada por eles, propagar o ‘’vírus’’ que eles possuem para o resto do mundo. Enfim, um enredo bastante semelhante ao jogo que fez tanto sucesso recentemente. Acredito que o filme ainda está disponível na Netflix, aonde o vi originalmente. Vale a pena a assistida.







quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Concurso Distrital de Oratória- ''Discurso de Ódio''



Este mês, no dia 19/09/2020, participei do Concurso Distrital de Oratória do Distrito 4391 do Rotaract, escolhendo como tema do meu discurso “O papel do Rotaractiano frente aos crimes de ódio: conflitos e possibilidades.” Segue abaixo uma cópia do texto que escrevi para discursar no dia da competição. 

Contextualização: O discurso de ódio e a violência contra determinadas populações nunca ficaram tão em evidência como nos últimos anos. Em 2018, divergências políticas escancararam diversos episódios, ocasionando em média 33 ocorrências de crimes de ódio por dia, segundo o Mapa do Ódio realizado pela Words Heal the World. Pregando valores na contramão da chamada “epidemia do ódio”, a instituição a qual pertencemos tem um papel claro como agente de transformação social e potencial formador de opinião.

      O grande líder Nelson Mandela tinha o seguinte pensamento: ‘’Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa de sua cor de pele, religião ou origem. As pessoas são ensinadas a odiar. E se elas podem ser ensinadas a odiar, podem, ao invés disso, serem ensinadas a amar.’’ Essa frase do Mandela deixa bem claro que o ódio não é natural do ser humano, mas é algo ensinado culturalmente a ele por grupos de poder, que buscam vantagens políticas e econômicas sobre os grupos que são discriminados e marginalizados.

       Hoje em dia, apesar das pessoas estarem cada vez mais conectadas através do mundo virtual, as sociedades estão cada vez mais divididas por variadas questões: divergências políticas, religiosas, étnicas, entre outras. Além disso, apesar das minorias sociais terem conquistado cada vez mais direitos através de suas lutas, parece que esse fato gera reações cada vez mais violentas por parte daqueles que são contra a efetivação de tais direitos.

        As eleições de 2018, no Brasil, levaram a um recrudescimento dos crimes de ódio, e o caso mais emblemático disso foi o assassinato do capoeirista Mestre Moa do Katendê, após um acalorado debate sobre política nm bar de Salvador. A disputa entre o dito campo conservador e o autodenominado campo progressista, não só no Brasil como no resto dos países ocidentais, gerou um clima de guerra dentro da sociedade, aonde ambos os lados trocam agressões e ofensas crescentes.

      Esse clima de guerra foi adicionado a uma realidade já preocupante, aonde problemas como o racismo, misoginia, capacitismo, homofobia e outras questões afetam as pessoas há décadas, quando não há séculos. Essa situação gera desesperança, pois faz acreditar que existem mais pessoas e grupos dedicadas a promover a raiva, o ressentimento e a tristeza, do que aquelas que desejam promover o bem.

     O papel do rotaractiano, nesse contexto, é ajudar a fazer prevalecer justamente o contrário disso, é ajudar a fazer prevalecer justamente o contrário, demonstrando para aqueles que sofrem, que existe alguém que se importa com seu sofrimento. O discurso de ódio existe por uma razão: porque há aqueles que reagem a ele com o mesmo rancor e despeito com o qual ele é construído.

     Essa forma de reagir é algo desejado pelo disseminador do ódio, porque permite a ele demonstrar a sus seguidores que ‘’O Inimigo’’ se sente incomodado pela causa que ele defende. Ao invés disso, o rotaractiano pode demonstrar aos ofendidos que existem formas mais produtivas de se reagir ao discurso de ódio, procurando a proteção da lei, e o apoio de outras pessoas que passam por situações semelhantes.

     Em relação a quem propaga o discurso de ódio, é possível exortá-lo, de forma didática e respeitosa, de que aquilo que ele faz não é bom para sociedade e não tem espaço no mundo moderno. Se essa pessoa tiver boa vontade, irá buscar mudar seu modo de pensar e agir, progredindo como ser humano. Caso não o faça, estará condenando a si mesma a ficar cada vez mais isolada, tendendo a se tornar cada vez mais irrelevante a medida que a sociedade evolui.


terça-feira, 25 de agosto de 2020

Anime: Aggretsuko

 


Navegando no site TV Tropes, encontrei essa joia da animação: o anime Aggretsuko. Fiquei curioso para assistir, e não me arrependi de ter começado. O ponto inicial que me atraiu foi o fato de cada episódio da série ter no máximo 15 minutos, o que significa que você não ficará horas assistindo para ter avanços mínimos no enredo. Outra ponto interessante: é um anime que inicialmente pode ser subestimado por seus protagonistas serem animais fofinhos, visto que a série é feita pelos mesmos produtores de Hello Kitty. Ledo engano. A animação é centrada na panda-vermelho Retsuko, que acabou de se formar e ingressou nas fileiras de uma grande corporação japonesa, no setor da contabilidade. Inicialmente ela se sente limitada pelas vicissitudes da vida de escritório, como ter um chefe machista e abusivo, e colegas que bajulam esse chefe para conseguirem facilidades no trabalho. 

Quando o anime começa, ela já está há cinco anos na empresa, e não tem grandes perspectivas na vida, mas aos poucos as coisas começam a mudar. Ela começa a se relacionar mais com os colegas, descobrindo que eles não se encaixam apenas nos estereótipos que aparentam, mas são pessoas complexas, com sonhos, virtudes e defeitos, assim como ela mesma. Interagindo com esses colegas, e se tornando cada vez mais amiga deles, Retsuko passa a perceber que existe mais no seu trabalho do que ela podia imaginar, e que até mesmo o chefe abusivo e alguns colegas um pouco chatos podem ajudar quando se está com problemas. No campo dos relacionamentos amorosos, Retsuko acaba descobrindo, também, que não é possível ficar por muito tempo com quem não colabora para a relação se manter, ou não tem pretensões de uma vida em conjunto, e acaba ganhando auto-estima mesmo com a falha dessas relações.

Assisti as duas temporadas disponíveis e o especial de Natal com minha noiva, nessas férias, e tivemos bons momentos assistindo- é quase impossível assistir a série sem lembrar de algum colega de trabalho ou faculdade, ou de algum comportamento que nós próprios tivemos em algum momento de nossas vidas. O anime está disponível na Netflix, e, posso garantir, vale cada minuto do tempo investido nele.




domingo, 19 de julho de 2020

Os limites do humor



Eu acompanhava os vídeos do influenciador Mário Júnior através de minha noiva, que me mostrava no seu celular gravações originais e paródias editadas, das produções do jovem rapaz. Ver esses vídeos eram uma parte divertida dos meus dias de quarentena, num época aonde existem tantas pessoas sofrendo. Para minha triste surpresa, ela me passou um vídeo mostrando o jovem em questão quase chorando, após ser humilhado numa entrevista com a equipe do Pânico na TV. Senti uma grande pena do rapaz, e revolta diante da tremenda insensibilidade dos entrevistadores. Eles puniram Mário pelo crime de ser melhor humorista do que eles jamais seriam, pois produzem um humor decadente e apelativo que não chega aos pés do que ele produz.

Senti vergonha de mim mesmo, por, quando mais jovem, acompanhar o Pânico, e sentir graça de piadas que hoje percebo não terem graça nenhuma. Piadas humilhando mulheres, minorias, pessoas em situação de rua e várias outras categorias de pessoas que já sofrem o suficiente sem ninguém ficar tripudiando delas.

Há não muito tempo atrás, lembro que o auto-denominado‘’humorista’’ Danillo Gentili fez piada com uma mulher que doava leite materno para mães que, por variadas razões , não conseguiam fornecer leite para os próprios filhos. A mulher processou o ‘’humorista’’ e logrou vitória, porém teria ficado tão traumatizada com a situação, que não conseguiu fornecer leite, privando várias crianças desse alimento tão vital, que ela fornecia sem esperar nenhum ganho por isso além da satisfação de fazer o bem.

Da mesma forma os ‘’humoristas’’ do Pânico, quiseram tirar vantagem do jovem Mário Júnior, que através de sua arte, produzia felicidade para pessoas que, além de todas as dificuldades que passavam normalmente em suas vidas, sofrem com os efeitos da crise mundial do COVID-19. Diante disso, fica a pergunta: a quem serve um ‘’humor’’ que ao invés de deixar as pessoas felizes e motivadas, apela para os instintos mais baixos do ser humano, como a inveja, o senso de superioridade e o despeito? Como bombeiro militar, cuja função, junto com meus colegas de farda, é salvar vidas, me solidarizo com o jovem Mário Júnior, pois ele pode ter ajudado a evitar que várias pessoas fizessem mal a si mesmas, por se sentirem felizes e acolhidas pelas mensagens de amor e esperança que ele passa.

Não é verdade que o seu trabalho, jovem Mário, é algo passageiro e que será logo esquecido quando surgirem outras novidades. Você poderá não ter a mesma visibilidade de agora, mas tem potencial para evoluir muito mais nas artes cênicas, estudando e aprimorando o talento nato que você possui. Mantenha a força, e grande abraço.

Redação CBMBA- Tecnologia

A tecnologia pode dar suporte a Segurança Pública numa questão bastante óbvia: diminuir a quantidade de pessoal administrativo e permitir co...