Texto completo do meu cordel, A Jaguatirica e a Onça, editado em 2019. O deixarei em copyleft para quem desejar tirar cópias e revender ou distribuir, desde que não seja para reproduções em largas tiragens.Aqueles que desejarem uma cópia do arquivo para impressão, podem me pedir no meu Instagram: @nickvladimirins
A Jaguatirica e a Onça
Por serem primos de raça
De vez em quando saíam
Para pegar uma caça
Para zoar com o primo
A Onça começou a pirraça:
João Tirica rapaz
Voce é mesmo o cara
Pra pegar coisa pequena
Eu num dia pego dez capivaras
Mas mico igual a ti não apanho
Pois meu peso quebra as varas
Onça Armando assim fez o ‘’elogio’’
João entendeu a safadagem
Porém se fez de abestado
Por gostar de molecagem
Já tinha o seu preparado
Pra se vingar dessas bobagens
Voce é mesmo o cara
Pra pegar coisa pequena
Eu num dia pego dez capivaras
Mas mico igual a ti não apanho
Pois meu peso quebra as varas
Onça Armando assim fez o ‘’elogio’’
João entendeu a safadagem
Porém se fez de abestado
Por gostar de molecagem
Já tinha o seu preparado
Pra se vingar dessas bobagens
A Armando ele respondeu
Que era melhor em tudo
E pra garantir ele apostava
O outro se fez de surdo
Achando que e ele era doido
De se medir com o bonzudo
Pra não passar por medroso
Aceitou a aposta absurda
Quem ganhasse era o bom
O outro cão de rua
E quem perdesse dos dois
Que fosse tomar... suco de uva
Que era melhor em tudo
E pra garantir ele apostava
O outro se fez de surdo
Achando que e ele era doido
De se medir com o bonzudo
Pra não passar por medroso
Aceitou a aposta absurda
Quem ganhasse era o bom
O outro cão de rua
E quem perdesse dos dois
Que fosse tomar... suco de uva
Os termos diziam
Que ao fim de dez semanas
Seria o caçador mais bacana
Quem trouxesse mais carne fresca
Pra medir com um pé de cana
Jogaram uma moedinha
Pra ver quem ia primeiro
Ganhou o Onça
Apesar de João ser trapaceiro
Armando comemorou
E se saiu ligeiro
Que ao fim de dez semanas
Seria o caçador mais bacana
Quem trouxesse mais carne fresca
Pra medir com um pé de cana
Jogaram uma moedinha
Pra ver quem ia primeiro
Ganhou o Onça
Apesar de João ser trapaceiro
Armando comemorou
E se saiu ligeiro
No primeiro dia veio
Com ajuda de uma jamanta
Mandou descarregar tudo
Mais de mil quilos de anta
Outros mil de tamanduá
E falou que era só pra janta
Também foi assim
Nos outros seis dias
Armando se esforçando
E João nada fazia
Hospedado em sua casa
De sua caça ele comia
Chegando a vez de João
Ele só fez passear
Pra dizer que algo fez
Ele trouxe uma preá
Assim que botou na mesa
O bicho se pôs a andar
Todo o tempo foi assim
João não fazia nada
O outro pegava meia floresta
Com João na sua taba
Da última ele só trouxe
Amendoim e catuaba
Armando não gostou
Dizendo que contra a Bíblia ele agia
Trazendo fruta em vez de carne
Que nem Caim ele fazia
João se fazia santo pra ouvir
Esperando acabar a ladainha
Sabendo que João tinha as manhas
Armando a Dona Onça disse:
Vigia esse capeta pra mim
Maria Onça Clarisse
E ela falou pra ele
Que contaria o que visse
Armando andava estufado
Na semana final
Se gabava por aí
Se achando mesmo o tal
Mas o que o guariba disse
Tirou-lhe a pose de boçal
Onça Armando, homi
Você tome tenencia!
Pois não sabe o que tem
Em casa na sua ausência
Eu só vou dizer
Para você ter a ciência
É só você virar as costas
Que começa a festa
Eu mesmo me matava
Se me fizessem uma dessas
É sem você estar no lar
Que eles curtem a beça
João come a se fartar
De uma boa rabada
Que por sua bela esposa
É muito bem dada
E ainda chama os amigos
Pra deixar ela preparada
Armando aquilo ouvindo
Sabendo ser feito de otário
Gritou bem alto assim
Aquele salafrário!
Agora ele vai saber
Quem é mesmo aquele Mário!
Chegou em casa correndo
Parecendo um avestruz
Encontrou o primo no quarto
Suando que nem cuscuz
Quando viu ele disse
Tomei chá de mastruz!
Com ajuda de uma jamanta
Mandou descarregar tudo
Mais de mil quilos de anta
Outros mil de tamanduá
E falou que era só pra janta
Também foi assim
Nos outros seis dias
Armando se esforçando
E João nada fazia
Hospedado em sua casa
De sua caça ele comia
Chegando a vez de João
Ele só fez passear
Pra dizer que algo fez
Ele trouxe uma preá
Assim que botou na mesa
O bicho se pôs a andar
Todo o tempo foi assim
João não fazia nada
O outro pegava meia floresta
Com João na sua taba
Da última ele só trouxe
Amendoim e catuaba
Armando não gostou
Dizendo que contra a Bíblia ele agia
Trazendo fruta em vez de carne
Que nem Caim ele fazia
João se fazia santo pra ouvir
Esperando acabar a ladainha
Sabendo que João tinha as manhas
Armando a Dona Onça disse:
Vigia esse capeta pra mim
Maria Onça Clarisse
E ela falou pra ele
Que contaria o que visse
Armando andava estufado
Na semana final
Se gabava por aí
Se achando mesmo o tal
Mas o que o guariba disse
Tirou-lhe a pose de boçal
Onça Armando, homi
Você tome tenencia!
Pois não sabe o que tem
Em casa na sua ausência
Eu só vou dizer
Para você ter a ciência
É só você virar as costas
Que começa a festa
Eu mesmo me matava
Se me fizessem uma dessas
É sem você estar no lar
Que eles curtem a beça
João come a se fartar
De uma boa rabada
Que por sua bela esposa
É muito bem dada
E ainda chama os amigos
Pra deixar ela preparada
Armando aquilo ouvindo
Sabendo ser feito de otário
Gritou bem alto assim
Aquele salafrário!
Agora ele vai saber
Quem é mesmo aquele Mário!
Chegou em casa correndo
Parecendo um avestruz
Encontrou o primo no quarto
Suando que nem cuscuz
Quando viu ele disse
Tomei chá de mastruz!
Onça Armando gritou
Você saia daí
E num fique trepado
Que nem um sagüi
Se é homem desça
E venha logo aqui
E você Maria Onça
Sai de baixo de colchão
Que você é escolada
Mas não me engana não
Vou ensinar você
Que não sou nenhum Zelão!
Você saia daí
E num fique trepado
Que nem um sagüi
Se é homem desça
E venha logo aqui
E você Maria Onça
Sai de baixo de colchão
Que você é escolada
Mas não me engana não
Vou ensinar você
Que não sou nenhum Zelão!
Arrastou o primo pra cozinha
E disse pra Tirica
Agora seu miseráve
Você me explica
Porque me enganou
Tirando de minha marmita
Porém abriu a geladeira
E ficou surpreendido
A rabada estava lá
Que guariba bandido
O fez gritar com a esposa
Passando por mau marido
Ao primo João
Quis logo se desculpar
Disse que com a carne
Iria o recompensar
Mas que agora se armasse
Que um safado iam pegar
E disse pra Tirica
Agora seu miseráve
Você me explica
Porque me enganou
Tirando de minha marmita
Porém abriu a geladeira
E ficou surpreendido
A rabada estava lá
Que guariba bandido
O fez gritar com a esposa
Passando por mau marido
Ao primo João
Quis logo se desculpar
Disse que com a carne
Iria o recompensar
Mas que agora se armasse
Que um safado iam pegar
O guariba, coitado
Não pôde nem responder
Foi ele abrir a digiba
Pra o couro comer
Apanhou tanto nesse dia
Que tenho pena de dizer
Depois disso teve festa
Armando fez um churrasco
Fez em lembrança ao primo
Mesmo tendo o derrotado
Chamaram a floresta toda
Só o guariba não foi lembrado
Não pôde nem responder
Foi ele abrir a digiba
Pra o couro comer
Apanhou tanto nesse dia
Que tenho pena de dizer
Depois disso teve festa
Armando fez um churrasco
Fez em lembrança ao primo
Mesmo tendo o derrotado
Chamaram a floresta toda
Só o guariba não foi lembrado
Meses depois disso
Surgiu a novidade
Maria Onça pariu
E o povo falou com vontade
Metade da ninhada era dela
E do pai outra metade
Surgiu a novidade
Maria Onça pariu
E o povo falou com vontade
Metade da ninhada era dela
E do pai outra metade
Aqui acaba a história
Deixando um belo recado:
Se não vive de dedar
Faz bem ficando calado
Pra não ficar que nem o guariba
Que até hoje anda de lado!
Deixando um belo recado:
Se não vive de dedar
Faz bem ficando calado
Pra não ficar que nem o guariba
Que até hoje anda de lado!
Nenhum comentário:
Postar um comentário