domingo, 11 de abril de 2021

O Negro no Brasil- Resenha

 


O excelente livro de Leandro de Assis aborda uma questão espinhosa para muitos: qual deveria ser o principal critério para definir quem teria direito ou não as cotas raciais, ou seja, se o critério deveria ser o fenótipo (cor da pele e outros marcadores físicos) ou o genótipo ( a autodeclaração feito pelos próprios interessados, por possuírem um ou mais ascendentes pertencentes as etnias desfavorecidas). Usando argumentos muito elegantes e inteligentes, embasados numa lógica e jurisprudência impecáveis, Leandro se posiciona como partidário da segunda opção.

O livro se inicia com um resumo histórico da situação do negro no Brasil, versando especialmente sobre a marginalização dos afrodescendentes após o fim da escravidão, levada a cabo através de politicas de branqueamento e de criminalização dos excluídos, o que acabou jogando os recém-libertos numa posição de miséria e subalternidade. 

Chegando aos tempos contemporâneos, quando as políticas de reparação começaram, Leandro busca argumentar que usar como critério de inclusão nessas políticas o fenótipo poderia gerar, por parte do Estado, uma nova violência contra aqueles que carregam todas as consequências dos anos de escravidão e discriminação, independentemente de sua aparência física mais evidente.

Embora o próprio autor não expresse isso, pode-se considerar que políticas de reparação baseadas no fenótipo poderiam promover o que poderia se chamar de ‘’apartheid politicamente correto’’, que fatalmente degeneraria numa espécie de supremacismo estético amparado pelo Estado.

A forma de se evitar isso seria a adoção do modelo do genótipo embasado na autodeclaração, que apesar de possivelmente permitir que pessoas com quase nenhuma ascendência negra a assumirem vaga destinadas a negros e pardos, evitaria o abuso de poder por comitês raciais que agiriam com um viés ideológico excludente.

Leandro conclui seu belo tratado conclamando que as leis que garantem o ensino da história da África, tanto nas aulas de História Geral como numa matéria criada especificamente para esse fim, sejam postas em prática, para que o orgulho pelo papel deste continente em nossa formação nacional venha a ser verdadeiramente valorizado por nossas novas gerações.

Caso tenha interesse no livro: https://www.amazon.com.br/Negro-Brasil-Hist%C3%B3rico-Desvantagens-Repara%C3%A7%C3%A3o-ebook/dp/B08WLFSQDG

quinta-feira, 25 de março de 2021

O professor de História ainda é necessário?

Por Nicolas Oliver

Texto para o curso de História, da UNEB.  


       Li um artigo que me deixou muito perturbado: o artigo dizia que o QI das novas gerações tinha decaído em relação ao da geração anterior, e que a possível culpa desse fato estava no excesso de exposição a mídias eletrônicas desde a mais tenra idade. O cientista que foi entrevistado no artigo dizia que intoxicação digital estava funcionando como ‘’uma fábrica de cretinos digitais’’, incapazes de realizar pensamento crítico, raciocínio lógico, e com a inteligência motora e social afetada.
       Outro artigo que li dizia que as novas gerações, além disso, tenderiam a serem mais pobre do que seus pais e avós, não só porque crescerão num ambiente sem estabilidade profissional e com menos garantias sociais que dificultarão a aquisição da casa própria, como também gastariam muito mais com tratamentos de doenças como depressão e outras questões psicológicas, causadas pelo estresse mental e pela falta de referências sólidas do mundo contemporâneo.
        Assim, as novas gerações estariam condenadas a viver num mundo falido, em eterno descontentamento e incapazes de compreender como foram parar nessa situação. O pouco que conseguirem aprender de Português, Matemática e Ciências apenas lhes serviria para conseguirem uma vida materialmente menos pior, mas não resolveria o crescente vazio existencial que as assola.
         Quando fiz as provas para exercer meu emprego atual, escolhi como tema de Redação fazer uma análise de figuras como Bel Pesce (‘’A menina do Vale’’) e Eike Batista (‘’O Eike Xiaoping’’), que tiveram ascensões meteóricas, como todo mundo querendo ser igual a eles e copiar seus aparentes exemplos de sucesso, e depois caíram da noite para o dia, virando motivos de chacota e opróbrio.
Não tenho mais a cópia da redação em questão, mas lembro de na mesma, ter deplorado o fato de que a sociedade tem tendência a escolher como modelos de conduta indivíduos terrivelmente falhos, cuja decepção que geram acaba criando apatia nas pessoas, que por causa disso deixam de seguir qualquer um que traga ideias diferentes de como fazer as coisas.
         Acho que ensinar as pessoas a diferenciar os verdadeiros inovadores dos falsos profetas seja a principal função não só do professor de História, mas das Ciências Humanas em geral. O historiador deve preparar as massas para respeitarem e seguirem líderes como Angela Merkel e Barack Obama, e rejeitarem aventureiros como Berlusconi e Trump, mostrando os pontos fortes e fracos dos grandes líderes do passado e como eles chegaram a glória ou ao fracasso nos caminhos que escolheram.
         Na minha trajetória política, por exemplo, cometi mais erros que acertos. Acreditei que as Jornadas de Junho fariam ‘’o gigante acordar’’, e ele continuou dormindo, acreditei em figuras como Cristovam Buarque, Marina Silva e Tábata do Amaral e os vi, um após o outro, contradizerem através de ações o que falavam através de palavras, e tantas outras decepções.
         Através do ensino da História, pretendo que os jovens do futuro estejam habilitados a intervir no cenário político de forma muito mais produtiva do que eu, mantendo seu idealismo e esperança sem deixarem de analisar friamente a realidade e suas vicissitudes.
        Observo com certa desconfiança, por exemplo, um influencer como Felipe Neto ser alçado ao posto de porta-voz da resistência ao bolsonarismo, por ter sofrido perseguição legal devido as suas posições. O mesmo Felipe Neto, anteriormente, havia usado de sua influência para dizer que o ensino de Machado de Assis nas escolas não era necessário, devido ao fato dele e outros autores nacionais serem ‘’chatos’’ para a juventude.
        Esta foi uma fala muito perigosa, porque as crianças e jovens dos países desenvolvidos não deixam de estudar Shakespeare, Poe ou Orwell porque são ‘’chatos’’ para eles. Quando se tornam adultos, elas passam a produzir os filmes, livros e videogames que as nossas crianças passam horas assistindo, lendo e jogando, o que só serve para perpetuar nossa dependência e subordinação, tanto cultural quanto econômica, em relação a esses países.
         Por essas e outras razões, caso o campo progressista um dia volte ao poder, Filipe Neto tem grande potencial para se tornar uma nova Tábata, alguém que vai contrariar todas as expectativas daqueles que confiaram nele, caso ele chegue ao poder após se candidatar a um cargo político.
          Numa sociedade aonde os historiadores e demais cientistas sociais cumprem suas funções a contento, as pessoas aprendem a não esperar mais por príncipes encantados montados em cavalos brancos, mas dão poder a líderes equilibrados e razoáveis, que criam um círculo virtuoso de boa vontade e prosperidade na sociedade.
          Assim, pode-se concluir que o historiador, em vez de ser um mero entusiasta do passado, tem um importante papel na construção do futuro, ao ser um fiador da qualidade do processo democrático. A ele cabe ajudar a evitar que o mundo, sem referências nem esperança, degenere numa distopia pós-apocalíptica regida apenas pela lei dos mais forte.

domingo, 21 de março de 2021

O Professor de História e a Contemporaneidade



   
Texto feito para a graduação em História na UNEB, como trabalho de sala.

      Enxergo História como um curso muito subestimado. Quando falam de História, as pessoas no mínimo dizem que, assim como o resto das graduações de Humanas ou da docência, ela é uma graduação sem futuro, que além de ter cada vez menos empregos disponíveis, tem um mercado crescentemente saturado, aonde milhares de profissionais são jogados nas ruas a cada ano, para competir com as dezenas de milhares que já existem. As Ciências Sociais ainda enfrentam o estigma de serem cursos alegadamente procurados por pessoas que entram na faculdade para participar do movimento estudantil e da politica em vez de buscarem serem bons estudantes na área que escolheram.
      Segundo os detratores, depois de ficar dez ou mais anos fazendo um curso que deveriam ter feito em quatro ou cinco, os egressos vão geralmente para a Educação Pública, aonde passarão mais tempo planejando greves, conspirando para manipular as eleições de diretores, e doutrinando os alunos a se filiarem a partidos políticos, do que de fato ensinando qualquer coisa que seja proveitosa aos alunos na faculdade e no mercado de trabalho.
     É inegável que tal estereótipo tem certa base na realidade, porque convivi, nas escolas em que estudei e trabalhei ao longo da vida, com pessoas e grupos que se encaixam nele quase ao ponto do caricatural. Os praticantes desses tipos de atos geralmente justificam esse desserviço que prestam a Educação com a frase de efeito ‘’mas tudo o que fazemos é um ato político!’’, como desculpa para poderem praticar política no pior sentido do termo, de forma faccional e enviesada.
     Felizmente eles são uma minoria na Educação, que na grande maioria é formada por pessoas que levam muito a sério suas funções, e cuja ação política é dar aos alunos as melhores aulas e assistência pedagógica que as condições lhes permitem, e até além do que é esperado pelos regulamentos. Diante dessa realidade, fica óbvio que o clichê do ‘’professor doutrinador’’ é apenas um espantalho manipulado habilmente por pessoas que promovendo grupos como o infame ‘’Escola sem Partido’’, são bastante partidárias e faccionalistas elas próprias.
      Todavia, é ilusão esperar que uma graduação possa mudar as perspectivas espirituais e profissionais de uma pessoa. Quem chega a faculdade sem uma visão de mundo já formada dificilmente vai conseguir manter a que adquiriu nela após confrontar a realidade profissional efetiva, e quem já não tiver uma carreira profissional já em processo de construção dificilmente vai melhorar isso graças à faculdade.
     Quando as pessoas esperam demais de uma graduação ou formação profissional, quase sempre acabam se desiludindo quando a vivência real não corresponde as expectativas. O curso de História, assim como qualquer outro, deve servir como complemento a um planejamento profissional anterior e maior, e não como o centro de todos os planos da pessoa. Se ela não fizer isso, pode se desiludir ao enfrentar um mercado de trabalho competitivo e hostil, aonde todos os esforços que ela fez para se qualificar com distinção não tem valor algum.
      Acho errado, porém, subestimarem História como um curso sem futuro, porque conheci várias pessoas, que ainda que não trabalhem na área de formação, conseguiram boas colocações na política e no serviço público, e ascensão no serviço privado, graças a graduação que fizeram. Sim, existem muitos historiadores desempregados ou empregados de forma precária, mas hoje em dia pode se dizer o mesmo de muitos engenheiros, advogados e até mesmo médicos.
     Quanto a função política do professor de História, sempre acreditei que o civismo e o patriotismo devem vir a frente de qualquer posição partidária ou filosófica que porventura ele tenha. Já chegaram a me dizer que o ‘’civismo’’ é um termo herdado da ditadura, mas eu pessoalmente não me importo com essa alegada conotação negativa.
      Considero um desperdício ver professores que jogam fora o potencial intelectual dos seus alunos ensinando-os a idolatrar Marx, Lenin e Che Guevara, ou então Mises, Hayek e Thatcher, e não apresentam a eles figuras como o Barão de Mauá, o Marechal Rondon, ou Cipriano Barata.
     Para mim a História deveria instilar nos alunos não a luta de classes nem a falsa meritocracia, mas acima de tudo o orgulho de terem nascido e crescido num país que já foi habitado por indivíduos portadores de grande talento, força de vontade e envergadura moral. Se sentindo herdeiros desse legado, eles procurariam emular essa grandeza em suas vidas pessoais, em vez de perderem tempo com visões equivocadas e alienígenas de como o mundo funciona.
      Assim como todos os países, nós temos o que poderia ser chamado de ‘’Legado Cívico’’ herdado de regimes e modos de produção anteriores, e a História, a meu ver, pode ser a ferramenta para transformar a força bruta e inexplorada deste Legado em energia para mudar nossa realidade para melhor, superando as contradições internas de nosso desenvolvimento e criando uma pátria próspera e segura para todos.



sábado, 6 de março de 2021

Pontos errados com a indústria dos games, e possíveis soluções

Um artigo sobre o que acho que está errado na indústria de jogos, e o que poderia melhorar. Essa é a primeira parte.    

Os problemas 

1.Violência e ação pela ação

O fato de existirem mais games envolvendo violência, conflito e destruição, do que compromisso, negociação e construção ajudaram a tornar a sociedade intelectualmente militarizada. Essa mentalidade conflito ajudou a tornar as redes sociais em campos de batalha, tomadas por gangues rivais que lutam por território de forma parecida com as gangues da vida real.

2. Imersividade excessiva

Os games, tanto os online como aqueles offline de mundo aberto, passaram a oferecer cenários crescentemente mais complexos e detalhados, recheados de missões secundárias e minigames paralelos que passaram a tomar cada vez mais tempo dos jogadores. Esse tempo excessivo passado no mundo virtual afasta os jogadores do mundo real, gerando uma relação de dependência psicológica quase semelhante ao uso de álcool e drogas, e em alguns casos até mesmo mais danosa.

3. Falta de confiança nos jogadores

Políticas de proteção de propriedade intelectual e de DRM inflexíveis tratam o jogador como um delinquente em potencial, e não como alguém que quer apenas se divertir com os produtos pagando um preço justo por eles e podendo utilizar seus códigos-fonte para criar coisas novas.

4. Sofrimento psicológico por parte dos profissionais do mundo dos jogos:

Muitas empresas forçam seus funcionários a trabalhar várias horas seguidas depois do expediente formal, gerando sequelas físicas e psicológicas nos mesmos. O jogo é um produto de diversão: também deveria ser divertido para as pessoas que trabalham no seu desenvolvimento e distribuição.

5. Lógica de produção monopolista e concentradora:

A maneira que a indústria funciona perpetua relações de subalternidade entre os países e regiões desenvolvidos aonde as unidades de produção dos games se encontram, e aqueles que os consomem. Os primeiros concentram os meios de desenvolvimento de uma forma que acaba gerando um círculo vicioso aonde os segundos têm muito menos probabilidades de concorrer de forma competitiva, com os produtos dos países e regiões dominantes controlando quase todo o mercado.

6. Incentivo aos grupos de ódio:

O mundo gamer é conhecido por ser reduto de vários grupos problemáticos, como incels, MRAs, supremacistas brancos, e outros grupos de ódio. Não são tomadas medidas efetivas para manter esses grupos sobre controle.

Possíveis soluções:

1. Não recompensar a violência:


Criar jogos aonde evitar a violência seja recompensado, e usar a força sem motivo seja punido ou pelo menos fortemente desencorajado.

2. Evitar a imersividade excessiva:

Criar jogos cujos mini-games e missões secundárias não desviem demais o jogador da missão principal. Limitar a imersividade a fins pedagógicos e de construção de enredo bem definidos.

3. Confiar na integridade das pessoas:


Criar jogos de código aberto, e com grandes possibilidades de customização por jogadores que queiram criar experiências novas. Flexibilizar fortemente a política de DRM, quando não acabar completamente com ela.

4. Mudar as práticas de trabalho:


Adoção de práticas de trabalho justas e humanas por parte da indústria. Evitar glorificar o comportamento workaholic e incentivar os colaboradores a buscar viver e trabalhar da maneira mais saudável possível.

5. Equilibrar o jogo:

Criar jogos que possam rodar em computadores mais antigos e menos potentes, para que as pessoas se acostumem com jogos tecnicamente simples, mas bem-feitos. Isso permitirá as pessoas mais pobres terem acesso a jogos da mesma qualidade que aquelas mais favorecidas, permitindo, dessa forma, que mais países e regiões consigam se tornar produtores de games.

6. Tornar os jogos odiosos para quem odeia os outros:


Parar de criar jogos que incentivem o machismo, o racismo, a homofobia e outras formas de preconceito. Quanto mais jogos humanistas e inclusivos forem produzidos, menos motivos os extremistas vão encontrar para se identificar com eles.''

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Resenha: Um Reino Unido


      Quem me recomendou esta obra foi meu pai, que já tinha me recomendado antes o não menos excelente ''Meu Nome é Dolemite''. O filme conta a história, baseada em fatos reais, do que seria o primeiro presidente da Botswana independente, o então príncipe herdeiro do protetorado britânico da Bechuanalândia, Seretse Khama, vivido pelo ator  brito-americano David Oyelowo. 
        Perto de terminar o curso de Direito em Londres, ele se apaixona pela bancária Ruth Williams(Rosamund Pike) e igualmente apaixonados, ambos decidem se casar, mesmo sabendo que isso encontrará oposição não só da sociedade britânica, como do próprio povo de Seretse, e do governo da África do Sul, que tinha começado a implementar a política do apartheid. Quando, já casados, ambos decidem ir para a terra de Seretse, que até então estava sendo governada por seu tio, ele consegue convencer seu povo a aceitar uma rainha de origem estrangeira e raça diferente, e Ruth logo consegue entrar nas graças de seu novo povo, apesar do tio de Seretse se afastar por desgosto.
      Além disso, o governo britânico, dependente dos minérios fornecidos pela África do Sul, se recusa a empossar Seretse como rei como seria previsto. Ele acaba sendo exilado na Grã-Bretanha, e deixa Ruth para trás, com medo de que o governo britânico os prendesse para sempre na metrópole caso ambos deixassem sua terra para trás. Após isso, se segue uma grande batalha legal e política, para Seretse conseguir reverter o exílio, e voltar não só para sua terra, como para sua esposa, que deu a luz a uma filha enquanto ele estava fora. 
       Não contarei o resto da história para evitar spoilers, mas o filme conta uma história de esperança num momento triste como o que vivemos, que conta a história não só de um líder que conseguiu lutar contra o racismo ainda antes de Malcom X e Nelson Mandela surgirem, mas também tornar seu país uma terra pacífica e democrática, um dos poucos países do Terceiro Mundo que, após se libertar dos seus colonizadores, não foi tomado por guerras e conflitos.

Aonde ver:

O filme se encontra disponível no catalógo da Netflix.

Resenha: ''Saúde: Mercado de Sucesso''


     O Dr. Tailan escreveu seu livro para quem deseja empreender no ramo da saúde, porém na verdade possui conselhos que podem ser úteis para qualquer pessoa que queira fazer um negócio ou projeto dar certo. Ele ensina de forma bastante didática os passos a serem tomados depois que o profissional termina sua graduação, e indica também os equívocos e maus investimentos que podem fazer ele ficar parado no tempo e espaço, sem progredir na sua carreira.

      Ele dá esses conselhos numa obra compacta, simples e direta, baseada na sua vivência pessoal como bio-médico e empresário. Um ponto a se destacar é a importância que ele dá a qualificação constante, para poder prestar aos clientes o melhor serviço e se destacar no mercado, que apesar de ter uma grande concorrência, costuma recompensar aqueles que buscam ser mais do que apenas mais um entre vários. Vi muitos paralelos da trajetória do Dr. Tailan como empreendedor com minha própria carreira no serviço público e na cultura, aonde aprendi através de tentativa e erro como ser um profissional e artista melhor. 

     A obra do Dr. Tailan busca ensinar justamente como evitar a maior parte dos erros, e progredir naturalmente para uma carreira estável e bem sucedida. Vi na obra dele mensagens muito semelhantes as encontradas em ‘’Quem mexeu no meu queijo’’ e ‘’A Estratégia do Oceano Azul’’, sob um novo ponto de vista. Ele guia o leitor através da luta pela realização profissional do mesmo jeito que o general Sun Tzu aconselha a guiar tropas para a vitória, em ‘’A Arte da Guerra.’’ Espero aplicar as lições passadas pelo Dr. Tailan em minha própria vivência, e alcançar, como ele, sucesso nos meus objetivos.

Como contatar o autor:

www.instagram.com/drtailanfroes/ (Instagram)

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Bolsonaro, Guerrilheiro e Revolucionário

                                    

       A esquerda comete um grande erro em relação ao Presidente da República, o Sr. Jair Messias Bolsonaro. Esse equívoco, bastante infantil por sinal, consiste em insistir em achar que o Presidente, após conseguir ser eleito para variados pleitos legislativos há quase 30 anos seguidos, eleger 3 filhos e variados apoiadores Brasil afora, vencer a última eleição presidencial, e passar incólume por vários escândalos e pedidos de impeachment, é um ser completamente imbecil, desprovido de qualquer réstia de inteligência. Sim, é inegável que além de não possuir nenhum refinamento e decoro, ele ainda se orgulha desse fato- mas isso está muito longe de não possuir inteligência.

     Na verdade, o Presidente possui um tipo muito específico de inteligência, o mesmo apresentado por figuras como Benito Mussolini, Joseph Stálin, Francisco Franco e Idi Amim Dada; um profundo senso de oportunidade política, um tipo de inteligência na qual o indivíduo inclusive se faz, propositalmente, ser enxergado como estúpido por seus adversários, que por sua vez, ao se enxergarem como seres muito inteligentes, o subestimam enquanto ele vai crescendo no nos bastidores e no submundo, até ser tarde demais para impedi-lo de conseguir o que quer. Os possuidores desse tipo de inteligência surpreendem aqueles que se recusam a enxergar seu paulatino avanço dentro das instituições, subvertendo-as a medida que vão se infiltrando nelas.

    Os arrogantes e destreinados apenas enxergam essa realidade quando ela, já completamente tomada, se torna irreversível. No caso específico de Bolsonaro, é possível dizer algo mais: ele aprendeu a ser revolucionário, enquanto a esquerda, por sua vez, se tornou conservadora. O leitor pode querer parar o texto nessa parte, mas peço que tenha paciência para continuar, e me permita explicar porque escrevo o que escrevo.

    Dentro de uma visão militar, revolucionário é aquele que se propõe a lutar contra uma dada ordem estabelecida, a partir de uma posição inicial de desvantagem, para através de uma conflagração revolucionária, mudar a ordem a seu favor. Conservador, por sua vez, é aquele que, sendo favorecido pela ordem estabelecida, deseja que tudo continue como está, ou evolua apenas no sentido de favorecê-lo. Desse ponto de vista, a esquerda então dominante poderia ser classificada como A Ordem, o establishment por excelência, enquanto o grupo formado por MBL, Lobão, Moro, Olavo de Carvalho, e o próprio Bolsonaro, eram La Résistance, os rebeldes contra essa dita ordem, que teria passado a dominar o Brasil a partir das eleições de 2002.

    Comparado aos outros guerrilheiros da direita, porém, Bolsonaro possuía uma vantagem: uma plena consciência, possivelmente ganha através de seu treinamento como oficial das FFAA, de que estava travando uma guerra cultural, ou disputa de narrativas, da qual sairia vencedor no longo prazo, graças a muita paciência e sangue frio. A vitória de Bolsonaro em 2018 se deveu justamente a utilizar estratégias tomadas de George Washington, Mao Zedong e Fidel Castro, estratégias que o resto da direita considera heresias e a esquerda desaprendeu a utilizar. Entre elas, estariam as seguintes:

1) Apenas desafie o inimigo para uma batalha campal, depois de tê-lo esgotado através da guerrilha e da subversão:

    Bolsonaro passou anos ajudando a desmoralizar a esquerda, através de sua atuação no Legislativo, mas só realizou uma ofensiva para o cargo executivo mais elevado, quando teve plena certeza de que poderia vencer a disputa.

2) Se alimente dos recursos do seu inimigo:

     Bolsonaro passou parte considerável de sua carreira em partidos da base aliada tanto do PSDB como do PT, recebendo repasses dos próprios operadores financeiros de seus dois maiores adversários. Isso gerava ainda maior vergonha para eles, por não poderem removê-lo do cenário sem receberem punições dos próprios partidos que constituíam sua base de apoio.

3) Converta os maiores apoiadores de seu inimigo nos seus soldados mais fanáticos:

     Um número não pequeno de apoiadores de Bolsonaro, consiste de gente que votava no PT ou em outros partidos de esquerda, não raro desde 1989. Essas pessoas, que eram defensoras fanáticas do PT e de Lula, se tornaram os apoiadores mais fervorosos de Bolsonaro. São pessoas que, desiludidas com a corrupção e decadência da esquerda tradicional, abandonaram seu antigo messias, buscando um novo profeta para tomar seu lugar.

4) Deixe os adversários e concorrentes se autodestruírem ou se matarem entre si:

   Foi o que aconteceu tanto como líderes progressistas, como Cristovam Buarque, Marina Silva, e o próprio Lula, como com aqueles vistos como conservadores, como Aécio, Alckmin, Moro, etc… Bolsonaro deixou todas essas figuras se desgastarem ou brigando entre si, ou com a Justiça e a mídia, enquanto mantinha sua imagem intacta. Dessa forma, dentro da direita e do centro, não existe possibilidade de surgir tão cedo alguém que possa tomar seu lugar, e a esquerda está dividida por disputas partidárias e ideológicas, sem se decidir por um líder capaz de desafiá-lo.

5) Demonstre força moral:

    Enquanto o campo progressista se deixou mostrar como imoral, depravado e corrupto, Bolsonaro construiu cuidadosamente para si uma imagem diametralmente oposta: a de alguém integro, correto, que se importa com os valores da família. Pouco importa se a imagem da esquerda se tornou manchada devido aos atos de uma minoria que não representa o todo, e que a imagem projetada por Bolsonaro não engane quem faz uma análise crítica de sua trajetória: é essa narrativa que foi vendida para a massa do público, e não irá se desfazer tão cedo. 
     Bolsonaro ainda possui, perante seus apoiadores, a imagem de alguém ingênuo e emotivo, que comete erros algumas vezes, mas que deseja honestamente fazer o bem. A imagem que o campo progressista possui, por sua vez, é a de um bando de pequeno-burgueses, corruptos, estrangeirados e afeminados, que disputam entre si para ver quem vai ter o direito de dilapidar e corromper o país quando voltar ao governo. 


      Por fim, esses cinco tópicos demonstram não só a razão da estratégia vitoriosa da campanha de Bolsonaro em 2018, mas também parte da motivação da posição dele no poder se demonstrar tão sólida mesmo havendo tanta oposição ao seu governo. Uma campanha progressista que queira superar Bolsonaro precisa, em parte, fazer o que ele fez: se voltar a um estudo sério dos líderes revolucionários, e líderes revolucionários diversos, e não apenas aqueles que a esquerda tradicional estuda ou finge estudar, para aprender como a construir uma narrativa que possa desconstruir a rede de mentiras e falsas verdades que o olavo-bolsonarismo construiu para chegar ao poder.
      Se trata de uma luta difícil, que envolve, em primeiro lugar, superar as próprias contradições no seio do campo progressista, mas que pode dar frutos num futuro não muito distante. Os americanos, dando ao mafioso e escroque profissional Donald Trump uma merecida derrota, já demonstraram que isso é possível. Além dos líderes já citados, o estudo de figuras como Sun Tzu, Saul Alinsky e Amílcar Cabral pode demonstrar o caminho certo. Quando se pararem de seguir líderes ultrapassados e modelos anacrônicos, talvez seja possível ao campo progressista reconquistar o espaço perdido.

Redação CBMBA- Tecnologia

A tecnologia pode dar suporte a Segurança Pública numa questão bastante óbvia: diminuir a quantidade de pessoal administrativo e permitir co...