sábado, 25 de janeiro de 2025

A Hora de Saber Sair

Existem dois tipos de abordagens de investimentos: aquela na qual o investidor especula ao máximo e busca parar de mexer no mercado quando percebe quando ele vai estar em baixa, e outra na qual o investidor mantém constantemente suas posições em negócios que acredita. Nenhuma das duas é melhor ou pior que a outra, e inclusive há investidores que adotam as duas em mercados diferentes, a depender do que queiram fazer em cada momento.

Ironicamente, isso também se aplica ao ramo do entretenimento: saber a hora de parar quando as coisas não estão indo muito bem, ou quando vão deixar de ficar boas. Observe-se o caso de John Lasseter, da Disney: ele ajudou a supervisionar a aquisição da Pixar, um crescimento no público dos parques na Disney, e uma mudança nos roteiros da Disney que os deixou mais focados em temas como empoderamento e diversidade.

No entanto, começarem a crescer alegações de comportamento inapropriado por parte dele. Ele poderia tentar resistir e manter o cargo mesmo apesar das alegações, que ainda não tinham virado acusações formais. Porém, tendo grande respeito pelo que ajudou a construir, ele preferiu renunciar ao cargo e deixar a empresa seguir sem ele, sabendo que haveria pessoas capacitadas para continuar o trabalho.

Caso um pouco diferente ocorreu com George Lucas. Ele criou a franquia Star Wars com grande amor e carinho, buscando passar uma mensagem de fé na bondade humana e de respeito pela democracia. Ele não deixou de cometer erros nesse processo: a segunda trilogia e as mudanças feitas na trilogia original receberam muitas críticas, assim como o resto do material derivado.

Houve um momento que parte das pessoas que criticavam, porém, passaram a perseguir Lucas e o resto da equipe, fazendo exigências pesadas em relação ao conteúdo da franquia. Lucas acabou vendendo a franquia de porteira fechada para a Disney, cujo novo material passou a receber mais críticas ainda, algumas de fato merecidas. No entanto, isso não era mais problema de Lucas: ele teve o desprendimento de passar seu trabalho adiante, quando ele já havia feito tudo que julgava bom fazer.

Os casos desses dois líderes são exemplos do quando saber sair: Lasseter porque cometeu erros graves e não queria ver sua companhia pagar por eles, e Lucas porque estava cansado de administrar uma fanbase mimada e queria poder aproveitar sua velhice. Tomar esse tipo de ação exige uma grande capacidade de saber que não tem mais condições de ganhar, que já se marcou todos os pontos que poderia. Isso muitas vezes acaba sendo mais importante do que saber jogar bem, porque impede que você dobre contra a casa.

Ainda que não cometamos o tipo de má conduta que Lasseter cometeu, podemos errar em outros variados tipos de coisas, e isso ser irrecuperável. Ou podemos, como Lucas, construir um projeto com toda a dedicação, e sermos obrigados a passar mais tempo administrando a parte chata dele do que aproveitando a parte boa. Nesses momentos, a gente tem que reconhecer que, por melhor que sejamos, é necessário passar a bola para quem possa continuar o jogo.

Isso significa sair de certos círculos de amizade antes que atritos estourem, abrir mão de projetos que não estão indo muito bem antes que tenhamos colocado muito trabalho neles, e saber controlar nosso lado ruim para evitar que más condutas acabem virando práticas recorrentes. 

Isso me lembra da história sobre como George Foreman ganhou o contrato do grill. Os engenheiros de uma certa empresa tinham projetado um grill de primeira qualidade, mas que não se diferenciava muito do que existia no mercado. Eles procuraram um esportista para ser garoto-propaganda do produto. Eles fizeram uma lista de nomes, e quase todos foram descartados após se verificarem as acusações que cada um deles tinha.

Então surgiu o nome de Foreman. Ele não era nem de longe o esportista com mais desempenho na lista, mas nem ele nem sua família tinham acusação de nada nem apareceram em nenhuma controvérsia na mídia. Os executivos da empresa procuraram Foreman, então aposentado após uma carreira de anos no boxe. Filmaram com ele um propaganda do grill, nomeado em sua homenagem: o resto é história. Foreman tinha ganho algumas dezenas de milhões de dólares com uma carreira de décadas no boxe: com o grill, sua fortuna saltou em poucos anos para algumas centenas de milhões.

O caso de George Foreman se diferencia do de Lucas não tanto porque ele soube a hora de sair, mas também como entrar. Ele queria viver uma vida virtuosa porque suas crenças o motivavam a isso, e isso acabou potencializando o que ele tinha construído com sua carreira. Sua carreira foi importante para chamar atenção, sua boa imagem o ajudou a não ser descartado. Assim é com nossas carreiras. Seguindo o exemplo de George Foreman e George Lucas, o que interessa é: saber como fazer nossa entrada, e quando e como fazer nossa saída. Quando se faz isso, o sucesso acaba vindo sem fazer força, como consequência de uma série de boas ações.

 

 

 

 

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Eu e a Educação


 

Eu tive experiências variadas com a Educação.

Estudei em praticamente todas as modalidades de ensino que existem.

Fiz escola particular, escola pública estadual e federal, faculdade pública, ensino profissionalizante, curso de soldados e cursos EAD, além de ter começado recentemente uma faculdade EAD.

Tive, em casa, formação autodidata em literatura, economia e língua inglesa.

Fiz PIBID e trabalhei cerca de um ano como assistente de apoio escolar num município.

Tudo isso me fez ver que cada sistema escolar tem seus acertos e erros.

Eu tinha colocado antes em algum lugar que o sistema educacional era dividido entre ‘’ilhas de excelência cercados por mares de mediocridade’’ no sentido de que a maioria das escolas públicas e particulares se dedicavam a cobrar apenas o básico e as vezes até menos que isso, e outras escolas e faculdades tinham carga excessiva ao ponto do assédio moral e as disputas políticas serem recorrentes, algo que percebi em alguns lugares que estudei.

Já na educação profissionalizante e nos cursos EAD, eu vi um foco menos em mostrar excelência abstrata e sim em se formar para o mercado de trabalho, apesar desse modelo ter a deficiência de não formar pessoas com capacidade crítica avançada.

Em relação a teóricos, eu li um pouco de Wilhem Reich e Alexander Neill, além de resumos do pensamento de Anisio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro. Isso me fez perceber que uma educação livre é a melhor maneira de se atingir o melhor na vida.

Por outro lado, os custos e problemas de implementar uma educação integral ou não regular em larga escala me fizeram acreditar que isso não vale a pena como um fim em si mesmo: acredito que a educação regular deva conviver com algumas abordagens libertárias ou com algumas escolas não regulares específicas, dentro do sistema geral.

Eu acredito na formação continuada e na formação do sujeito pleno, embora não saiba sob qual regime educacional tal possa se dar da melhor forma. Me mantenho pesquisando e debatendo, buscando as melhores formas.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Conspirações Explicadas - O Projeto MKULTRA/ HAARP / Reptilianos / Graal


Projeto MKULTRA

Quem já viu filmes de espionagem com certeza já viu situações como a do ''sleeper agent'' ou do ''candidato manchuriano'' - pessoas que vivem vidas aparentemente comuns, mas ao receberem um código de ativação, acordam lembranças de que seriam agentes treinados para fazer coisas do tipo Jason Bourne e Missão Impossível. Na prática, não é possível fazer isso com pessoas sem deixá-las com distúrbios de personalidade que as façam confundir as suas variadas personalidades entre si, conscientemente ou não. 

Porém, por mais absurdo que possa parecer, isso não deixou de ser tentado. A CIA e outras agencias americanas teriam distribuido drogas legais e ilegais para agentes e pacientes psiquiátricos nos anos 60 e 70, para testar se um ''soro da verdade'' seria possível. Houve agentes que teriam achado que eram o Super-Homem e pulado de coberturas sob efeito de drogas, e pacientes psiquiátricos que tiveram uma piora irreversível nos quadros que já tinham.

E não se sabe se foi obtido nenhum dado científico válido de experimentos que além de terem uma validade ética bastante questionável, poderiam ser aproximados de tortura e maus-tratos. Possivelmente o que se descobriu foi, que além da própria tortura, produtos de manipulação psicologica atraves da química tem uma eficácia questionável, levando a sugestionamento, falsas confissões e lembranças errôneas. 

Anos depois, bandidos passaram a manipular pessoas através de golpes estilo ''boa-noite Cinderela'', utilizando produtos que podem ser considerados um refinamento do que foi testado nos anos 60. Recentemente, as empresas de internet descobriram uma forma de manipulação muito mais eficiente: usar estímulos de dopamina e tokens de validação social para nos viciar em adotar certos hábitos. Isso poderia ser considerado um avanço em relação ao MKULTRA, aonde ao invés de se usar a manipulação química, se usa a manipulação de certos impulsos biológicos, de forma indireta. 

HAARP

Tem gente que diz que o Projeto Haarp provocou desde terremotos em certas localidades, desde, alguma maneira, provocar câncer em Hugo Chávez(sem provocar em mais ninguém perto dele?). Apesar do projeto de fato ter financiamento e objetivos militares, se trata de um projeto de coleta de dados científicos que dificilmente teria poder para gerar efeitos tão devastadores, visto que a tecnologia para manipulação energética em larga escala ainda está há anos luz de gerar protótipos capazes de fazer algo importante. 

Reptilianos 

Eu li, anos atrás, um artigo que falava sobre os Homo Sauris, uma raça hipotética que poderia ter evoluído dos velociraptors em 200 milhões de anos, se os dinossauros não tivessem ido de arrasta pra cima. Eles seriam ''hominideos'' por assim dizer, por terem polegar opositor, cerebro desenvolvido, e capacidade para o pensamento abstrato. Isso porém, se trata de uma especulação cheia de ''ses'', visto que variados outros desastres além do suposto meteoro poderiam ter destruído os dinossauros de qualquer jeito.

Quanto a possibilidade deles terem evoluído em locais no estilo ''Mundo Perdido'', em cavernas ou debaixo da Terra, isso é mais implausível ainda. Na verdade, de uma certa forma, os seres humanos são o que existe mais próximo do que os reptilianos seriam- nós somos mamíferos, que são em essência répteis que desenvolveram um camada de pêlos. Aquilo que o Homo Sauris poderia ser é o que nós efetivamente somos, então não faz muito sentido falar de uma espécie hipotética que provavelmente seguiria os mesmos passos que seguimos, ou ficaria eternamente numa estagnação tribal, sem desenvolver civilizações avançadas. 

Graal

Quem leu O Código da Vinci e Preacher já ouviu falar do Graal - em ambos os casos uma irmandade religiosa que ficaria responsável por proteger a linhagem de Jesus Cristo. Isso esbarra em dois fatos: a primeira, é que Jesus provavelmente morreu virgem, e a relação com Maria Madalena não passa de uma tentativa de criar uma versão hot dos fatos bíblicos, e o segundo, ele era Jesus, mas não era o único, e sequer o mais popular dos Cristos que apareceram na história. 

Houve um outro caso famoso, o do Simão Bar-Kochba, por exemplo, que foi de fato ungido como rei de Israel por variados rabinos certificados- e que provavelmente teria mais chances de ser o ''verdadeiro'' Cristo, por assim dizer, enquanto o nosso Cristo só se tornou mainstream séculos depois. 

E depois disso surgiram variados clamantes ao título ou a títulos de descendente ou de profeta, o que faria presumir a existência de variados Graal diferentes para cada profeta que apareceu. A verdade é que não faz muito sentido manter a linhagem terrestre de alguém cujo poder provém de fontes espirituais- pelo que se saiba, força espiritual não é algo que se herda geneticamente. Isso faz o motivo de se manter uma Ordem Graal um tanto quanto duvidoso, para dizer o mínimo.

sábado, 16 de novembro de 2024

Poema- Framing

Framing

Nicolas Rosa


O gato alertou minha noiva

Minha noiva convocou o homem da casa

Por acaso eu

Para exterminar o inimigo do lar

Penetrou nosso espaço aéreo, necessitando de extermínio imediato

Uma barata voadora

Me armei de nosso equipamento pessoal

Algo que numa guerra entre

Humanos 

Hoje graças a Deus é uma 

Arma de extermínio em massa

Convencionada de ser proibida de usar 

Mesmo entre os inimigos que mais se odeiam

Mas como ela é um ser que mesmo aqueles que se chamam de hereges e sub-humanos entre si

Odeiam igualmente

Tenho plena permissão

De usar essa Wunderwaffen 

Da indústria química

De forma similar como os romanos decretavam 

Que quando alguém era

Inimigo do Estado

Que quem o matasse ou fizesse sofrer 

Da maneira que fosse 

Além de não ser acusado

De nada 

Ainda poderia ser premiado 

Pelo grande favor

Que prestou a sociedade. 

Emiti vários jatos certeiros.

O aerossol era potente, cobria uma boa distância.

O invasor vacilou, perdeu potência, caiu no chão de outro quarto.

Se debatia, julguei a operação vitoriosa e disse que iria remover o inimigo neutralizado para descarte.

Meu apoio, segunda autoridade no recinto,
me armou de um chinelo para eu realizar um ataque de gravidade que garantisse a vitória.

Sem muita vontade, deixei o armamento cair sobre o inimigo, garantindo um abate total e completo.

Ele ou ela estava batendo quatro perninhas,
agora debatia duas ainda mais devagar.

Vitória total, vitória esmagadora.

Trouxe a pá de lixo, recolhi seu corpo para o zelador levar amanhã com o resto do lixo.

Tranquei o quarto para os gatos não lamberem as sobras de inseticida que possam ter ficado no chão.

Achei algo engraçado:

O inseticida tinha um cheiro agradável,
algo confuso entre limão, citronela e folhas do campo.

Não sei muito de química.

Poderia ser do solvente, do aerossol, ou de outra coisa.

Muito duvidoso que botassem aromatizantes nestes produtos.

Enquanto estava destruindo o inseto,
provavelmente estava absorvendo uma pequena carga do veneno, 

Que provavelmente me custariam alguns minutos de vida no futuro.

Quem trabalha muito tempo com essas coisas provavelmente deve ser um grande candidato a ter um belo de um câncer.

São fortes neurotóxicos, que destroem os nervos,

Impedindo os órgãos de funcionar 

E depois causando óbito 

Por asfixia, cessação de circulação

Ou falha de órgãos generalizada.

E tanto nós como as baratas temos sistema nervoso.

Li em algum lugar que baratas não sentem dor.

Elas podem perder pedaços,

Ter esmagada a maior parte dos órgãos

Porém aparentemente 

Não sofrem com isso

Tem consciência de que estão com uma parte a menos

Mas continuam a fugir ou a reagir

Até poderem escapar

Fazerem seu agressor fugir

Ou virarem um pedaço de gosma no chão ou parede.

"Ter sangue de barata"

É o verdadeiro segredo do

Que chamamos de heroísmo.

Heróis, como as baratas

Percebem a dor

Sabem que onde foram feridos 

Há veias, nervos e ossos

Que nunca voltarão ao normal

Mas seguem adiante 

Como se aquilo fosse nada.

As piretrinas e piretróides

Que são más com os insetos

E como promete o anúncio

Apenas contra os insetos

Exterminam as baratas.

O herói é herói porque a adrenalina, o ácido lático, 

E a desilusão que matariam as pessoas normais

O fazem sofrer,

Mas não conseguem impedi-lo totalmente

De tentar abrir caminhos, 

Fortalecer sua colônia, 

Ser o molde de milhares de bons soldados e operários

Enfim

Tudo aquilo que nós podemos

E os insetos não devem poder.

É proibido eles quererem montar casas em nossas casas

Roer a comida que conseguimos juntar, 

Depois de pagar os impostos

E merecer nossos salários e dividendos.

O cheiro primaveril ficou um bom tempo no quarto após a barata ter morrido.

Talvez não seja mais irônico uma arma de extermínio ter

aroma agradável

Do que um veneno mais mortal do que a naja indiana

Existir dentro de latas de milho com ervilha

Que esse veneno mostre sua face após a expiração da validade

E nós buscarmos esse veneno para tentar esconder nossa própria expiração

Graças a Deus há homens e mulheres que estão deixando os grisalhos aparecerem

Mostrando mesmo a quem tem como disfarçar o inevitável

Que isso não e estritamente necessário.

O que eles querem dizer é:

Amigo, 

você e rico e famoso, 

as pessoas não terão coragem de te ignorar e maltratar

mesmo que você deixe demonstrar que tem calvície e linhas de expressão igual aos pobres.

Eu admiro essa demonstração de leveza.

No dia seguinte, quando o cheiro de vida passou,

Acendi uma cigarrilha e admirei a Mata Atlântica pela janela.

Aquela sobra de selva estava vibrante,

A energia dos postes elétricos passava em linha reta ao redor dela, 

A energia dos seres vivos fluía dela para os prédios ao redor

Prédios do governo

E prédios e casas onde moravam quem alimentava aqueles prédios com seu trabalho.

Entreguei o lixo ao zelador.

Tinha a barata, sobras da areia do gato que chamou atenção para ela, embalagens, sobras de comida.

Cada andar tinha alguns apartamentos, 

o prédio alguns andares.

Cada um, 

jogava fora um ou mais sacos de lixo.

Duas vezes ao dia.

Aquele invasor, 

Aquele herói,

desceu no saco de nossa casa.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Estamos falhando como machos?


Por Nicolas Rosa

Eu já tinha visto na internet figuras como os edgelords ou os esquerdomachos cavaleiros brancos, que agiam de forma agressiva para mostrar dominância nos espaços virtuais. 

O edgelord segue a etiqueta básica do comportamento alt-right: é pernóstico, de mau gosto, pratica abuso psicológico gratuito. Marçal é claro, segue toda essa receita, seja com mulheres, professores, ou apresentadores próximos da melhor idade. 

O cavaleiro branco, em nome de defender a justiça social, age como o edgelord ''do bem'', agredindo pessoas sozinho e em grupo para manter o politicamente correto nos locais e ser visto fazendo isso. Temos como exemplos disso o eterno banido Jones Manoel e Felipe Neto, antes de fazer sua bem vinda mudança.

Haver um grande número de homens vendo impostores como esses, ou Sikera, ou Fahur, ou o Calvo do Campari, como modelos de masculinidade, mostra que não estamos sabendo enxergar bons modelos, que sempre existiram, mas não sabemos interpretar do melhor ângulo.

Nos mostraram o Capitão Nascimento como modelo de tudo que pode dar errado, e enxergamos como modelo do que deveríamos ser. Vemos um futuro aonde as mulheres não nos querem e os filhos não nos respeitam, e afundamos ainda mais num comportamento de bode raivoso, que quer chifrar tudo que vê pela frente.

Diante disso, cabe se revoltar ainda mais e afundar numa degradação que só vai piorar, ou botar a mão na cabeça e pensar: eu posso fazer diferente? Sou obrigado a ser um babaca cada vez mais irrecuperável?

Parando para pensar bem, se você olhar para os exemplos de Stallone, Schwarzenneger, Clint Eastwood, eles nunca promoveram o tipo de coisa que Marçal se tornou. São homens que falam olhando nos olhos, com voz firme, palavras compassadas. 

São caras íntegros, que passam segurança. O tipo de cara que você gostaria de ter como pai ou pelo menos como tio. Não são valentões. Não usam de insinuações escrotinhas. Falam o que pensam respeitosamente, ainda que de forma direta e dura. 

É esse tipo de coisa que vocês estão sendo o contrário, achando que estão arrasando. Eu apenas sugiro que parem, e vão ver um pouco de filmes. Vendo os exemplos acima, se não acertarem, vão errar menos. Grande abraço.

domingo, 18 de agosto de 2024

Sobre pirataria e direitos autorais




Durante um tempo, tentei militar no Partido Pirata, um partido zumbi que já formou umas cinquenta micro-tendências sem jamais conseguir se registrar. Obviamente, a iniciativa virou algo menor ainda que o PCO e PSTU, mas me deram para ler algo interessante: o livro de Rick Falkvinge, fundador do movimento Pirata, e suas ideias do porque o direito autoral deve ser revisto, e também porque a democracia tradicional, do confronto através do voto, falha em certos momentos, de acordo com uma lógica meio que baseada na teoria dos jogos: um sistema que cria vencedores e perdedores faz os perdedores quererem se vingar em outras votações, mantendo um impasse eterno e criando má-vontade mesmo em projetos de interesse comum. 

A questão do direito autoral, é porque ele acaba ecoando aquilo que Rousseau disse: ''o primeiro que colocou uma cerca ao redor de um quadrado de terra, e disse, isso aqui é MEU, desgraçou a humanidade.'' No caso do direito autoral, isso é pior ainda porque não existe sequer o quadrado de terra para botar a cerca ao redor, mas sim pedaços de papel com rabiscos desenhados neles- você literalmente pega uma coisa abstrata e cerca com mais coisas abstratas, criando um grande Leviatan ou Behemot abstrato. 

Isso não tem nenhuma lógica quando você analisa dessa maneira, e é porque na verdade não tem. Vivemos numa sociedade que nossas garantias sociais são baseadas em um monte de coisa fictícia: dinheiro que dizem que vale nosso trabalho, diplomas que dizem que sabemos fazer alguma coisa, títulos que dizem que somos donos de algo. E tudo isso nos esmaga, porque passamos boa parte correndo atrás de coisas que nem sequer existem, para tentar matar nossa fome de verdade. 

O direito autoral, na maneira que ele funciona hoje, é uma das bases desse sistema, porque ele permite que empresas e grupos de poder que se apossam de conhecimentos ancestrais ou difusos, ao registrá-los de uma maneira que o escritório de patentes possa entender, passam a ter direito exclusivo de ganhar dinheiro- extrair poder social- a partir desse conhecimento que antes era propriedade da humanidade inteira. 

Sim, o direito autoral e acadêmico também protege o pequeno autor e pesquisador que cria suas obras de forma independente ou com muito pouco apoio- mas acima de tudo, como ele funciona hoje, ele é uma das ferramentas que permite a expropriação intelectual de muitos, para o benefício de poucos. Eu não abro mão dos direitos do que eu criei, que me deu trabalho, mas tenho pelo menos uma obra em copyleft, entre as que criei. Volta e meia faço promoções gratuitas numa plataforma aonde o que coloquei está protegido por DRM, algo que também questiono, mas entendo. 

Vale a pena colaborar por um futuro mais aberto. Libere parte de seu material em copyleft e outras licenças flexíveis. Faça promoções periódicas do que você tem em locais pagos. Compre jogos de sites que tem DRM flexível, ou não botam DRM no que vendem. Você não precisa colocar tudo seu de graça nem baixar torrents cheios de vírus. Mas fazendo pequenas ações, podemos fazer um mercado melhor, para um mundo mais livre. Sigamos juntos.

Nicolas Rosa

Autor

domingo, 11 de agosto de 2024

Resenha do livro ''Notas Filosóficas''


Introdução

“Notas Filosóficas”, de Nicolas Rosa, é uma obra que explora diversas questões da contemporaneidade através de uma perspetiva filosófica crítica. Inspirado em “Humano, Demasiado Humano”, de Nietzsche, o autor traz reflexões sobre temas variados como ciência, religião, política, sociedade e a condição humana, oferecendo ao leitor um panorama amplo e provocativo sobre o pensamento moderno.

Estrutura e Organização

O livro é composto por ensaios independentes, cada um focado em um tema específico. Essa organização facilita a leitura e permite uma reflexão profunda sobre cada tópico abordado.

Principais Temas

A Condição Humana: Rosa explora a dualidade da natureza humana, capaz de grandes feitos e autodestruição. Ele questiona a sobrevivência da humanidade e a expansão para outros planetas. 

Ciência e Tecnologia: O autor critica a estagnação da ciência moderna e a inevitabilidade das inovações futuras, sugerindo uma maior responsabilidade na gestão dos impactos sociais das novas tecnologias.

Política e Sociedade: Rosa oferece críticas incisivas às ideologias políticas, tanto à esquerda quanto à direita, destacando o dogmatismo e a hipocrisia de ambos os lados.

Religião e Espiritualidade: Ele critica o cristianismo e o ateísmo por serem dogmáticos, propondo uma abordagem mais autêntica e natural da espiritualidade.

Pontos Fortes

Profundidade e Diversidade Temática: A obra aborda uma vasta gama de temas, proporcionando uma reflexão ampla e variada sobre questões contemporâneas.

Estilo Provocativo e Crítico: O estilo de Rosa é direto e provocativo, desafiando o leitor a reconsiderar suas crenças e perspetivas.

Clareza e Acessibilidade: Apesar da profundidade dos temas, a linguagem do autor é clara e acessível, tornando a filosofia mais próxima do leitor comum.

Referências Filosóficas Ricas: Rosa faz uso inteligente de referências filosóficas, especialmente de Nietzsche, para fundamentar suas reflexões e dar-lhes um contexto mais amplo.

Reflexão Crítica sobre a Sociedade Contemporânea: O autor oferece uma crítica incisiva das ideologias e práticas contemporâneas, incentivando uma reflexão crítica e independente.

Conclusão

“Notas Filosóficas”, de Nicolas Rosa, é uma obra rica e instigante que desafia o leitor a pensar criticamente sobre uma ampla gama de questões contemporâneas. Através de uma combinação de profundidade filosófica, clareza de linguagem e estilo provocativo, Rosa oferece uma contribuição valiosa para o debate intelectual moderno. É uma leitura recomendada para aqueles que buscam uma compreensão mais profunda e crítica da condição humana e dos desafios da modernidade.

Redação CBMBA- Tecnologia

A tecnologia pode dar suporte a Segurança Pública numa questão bastante óbvia: diminuir a quantidade de pessoal administrativo e permitir co...