Santa
Papai
Noel e o Krampus,
Brincam
de tira bom, tira mau,
Com
as crianças do mundo
Papai
Noel até mesmo aceitou
Que
o NORAD usasse o nariz do Rudolph
Para
calibrar a mira dos mísseis.
E
até mesmo engordou,
Depois
que deixou a Coca-Cola,
Usar
seus direitos de imagem.
Ele
é um bom trabalhador:
Em
cada shopping que vai,
Recebe
bem as pessoas,
Promete
ler as cartinhas,
Depois
pega o ônibus de volta,
Para
sua vida de sempre.
Mas
existe aí um segredo:
Há
um mundo paralelo,
Em
que é Natal no mês contrário,
E
o Krampus é o cara bom,
Papai
Noel o malvado.
Neste
mundo ninguém fica reclamando
Que
o Krampus Noel virou um deus pagão
E
tomou o lugar do verdadeiro Deus
Ou
que o que era pra ser uma festa sagrada,
Se
tornou uma desculpa para encher a burra de chester,
E
ficar travado de champanhe e de sidra.
As
pessoas bebem até desmaiar,
Porque
gostam de beber até desmaiar,
Bebem,
desmaiam, acordam com ressaca e pronto.
Trocam
presentes porque gostam de trocar presentes e ajudar a movimentar a economia e criar
empregos,
E
mandam fuzilar sem direito a apelação quem reclama
que
não se deveria comemorar algo que não se sabe a data exata,
Porque
todo mundo sabe que ninguém está nem aí para a data exata de nada,
E
tampouco quer saber nem pesquisar se as festas são comerciais ou pagãs,
Porque
o que interessa é comemorar estar vivo e não fazer auditoria nem
historiografia.
Krampus
Noel, quando desce as chaminés,
Não
deixa carvão para as más crianças,
E
doces para as boas:
Não
deixa doces para nenhuma delas,
Porque
doce dá cáries, e promove obesidade e diabetes.
Ele
deixa, isso sim, com seus responsáveis,
Talões
para trocar por sacos de carvão,
Pois
há muitas famílias pobres,
Com
pais seja maus seja bons,
Que
não tem dinheiro para pagar pelo aquecimento.
Se
uma criança manda cartinha pedindo
Por
presentes mais caros que seus pais possam lhe ajudar a levar,
Ele
manda uma resposta educada:
Você
estava sendo bom porque é bom,
Ou
estava se fingindo de bom,
Para
fazer sua família se matar de trabalhar,
Para
te dar um brinquedo igual ao de seus colegas de escola mais ricos?
Eles
sabem que você não tem dinheiro para ir em Fernando de Noronha nem para a
Disney com eles,
Então
vale a pena fazer seus pais sofrerem
Para
os outros meninos fingirem que te aceitam quando muito por duas semanas?
Peça
um brinquedo que te faça realmente feliz e te permita brincar com as crianças
de seu bairro.
Sua
família já sofre muito para te manter na mesma escola depois de ter quase
falido por causa de seu tio Gustavo, cujo filho, uma criança cretina igual ao
pai, tem brinquedos bons porque a família dele rouba famílias como a sua.
Com
amor, Krampus Noel.
Nesse
mundo, nenhuma criança boa se acha melhor do que é.
As
más, salvo casos de mau caráter congênito,
logo
se esforçam para se tornar pelo menos razoáveis.
O
nosso Papai Noel, lá,
não
maltrata ninguém como se poderia esperar:
Ele
é lá o que é aqui,
Mas
quase ninguém o leva a sério,
O
que o permite descansar para vir ao nosso mundo,
Exercer
a bondade que vemos no fim de ano,
Nos
shoppings, nos abrigos, nas sarjetas, e nas confraternizações corporativas.
Já
o Krampus?
Para
ajudar seu amigo Noel a ser bom,
Aqui
faz o mal,
Para
parecendo ser um fazedor do bem,
O
outro ser o Papai Noel que gostamos.
Hohoho!
Nicolas Rosa

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