Comprei o livro do Pastor Silvoso numa igreja em Santo Antônio de Jesus, e passei um bom tempo com ele guardado. Quando finalmente o li, achei algumas lições valiosas. Ele parte de uma tese interessante: não haveria distinção entre o campo espiritual e o laboral, chamado aqui pelo pastor de ‘’o mercado’’: ambos sendo parte da luta divina para salvar a humanidade.
Para sustentar
essa tese o pastor cita exemplos da vida de Jesus e do apóstolo Paulo,
mostrando como eles priorizavam o lado prático da vida ao invés de sustentarem
uma espiritualidade puramente ascética. Silvoso
diz que o cristão que tem experiência na vida prática pode ser valioso para a
igreja de muitas maneiras, seja conseguindo fundos para os projetos, seja
resolvendo imbróglios administrativos, sem perderem a sensibilidade espiritual.
Assim sendo, ele
considera que seria um erro as congregações promoverem o divórcio de seus
membros com o mundo, pois é justamente nele que as batalhas mais importantes
são travadas. Eu reinterpretei as palavras do pastor para o contexto político:
existem muitos partidos e grupos que impõem a seus membros uma carga teórica
excessiva e a exigem deles comportamentos dogmáticos, que os tornam estranhos
na sociedade.
Essa forma de
agir se torna contra produtiva, pois isola essas pessoas das massas que eles
dizem querer representar. A solução, como apresenta o Pastor Silvoso, é saber
se integrar na sociedade e nas empresas, para a partir daí gerar mudanças. A lógica
da relação com o dinheiro que o livro apresenta também é muito interessante. O
autor diz claramente que não é nenhum socialista, mas diz que a busca do lucro
não deve ser o enriquecimento por si mesmo.
Deve se ao invés
disso buscar fortalecer a comunidade, administrando os bens públicos e privados
de forma competente, cobrando preço justos e acessíveis, e às vezes perdoando
algumas dívidas quando se percebe que a pessoa ou empresa está sem a menor
condição de pagá-las por mais que deseje.
Desta forma, o abismo entre ricos e pobres
diminuiria, havendo menos injustiças. Ainda que não concorde teologicamente ou
filosoficamente com tudo o que o autor expressou, a leitura do livro me
acrescentou muito, e aconselho a quem puder fazê-lo dar uma lida para absorver
suas lições. A retórica dele é convincente, e os pontos que ele levanta são
dignos de consideração.
Nicolas Oliver
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