domingo, 19 de dezembro de 2021

Notas Filósoficas. 39: Da Revolução Brasileira

 

             O que torna mais difícil uma grande revolução no Brasil, é um fato simples da política; nem todo mundo que é confiável é competente, nem todo mundo que é competente é confiável. Se uma possível revolução não tiver a disposição um bom número de pessoas ao mesmo tempo confiáveis e competentes, ele irá falhar miseravelmente e deixar o país numa situação pior do que antes dela ser declarada.

               Temos muita gente que gostaria que nosso país tivesse protagonismo como a Rússia, a Índia e a China, mas pouca gente disposta a viver o que a Rússia, a Índia e a China passaram, ou tampouco viver num país cujos direitos civis e trabalhistas sejam iguais aos dos países citados.  

                Líderes como Amilcar Cabral, Nehru, e Mustapha Kemal, entre outros, podem nos mostrar possíveis caminhos, mas para efetivarmos as mudanças que o Brasil precisa para se afirmar como potência, teremos de buscar um caminho novo, ao invés de meramente copiarmos cegamente os modelos de outros países.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Notas Filósoficas- Nº 24: Escolhendo Lados II

    

           As pessoas que amam Cuba ou Israel geralmente se odeiam entre si, mas na verdade são mais parecidas do que pensam. A razão pela qual elas idolatram esses países é essencialmente a mesma: elas os enxergam como ''cidades edificadas sobre a montanha’'', postos avançados da verdadeira civilização que resistem incólumes a inimigos muito mais poderosos, e que jamais se dobram nem desistem de sua missão. 
          As pessoas que os amam se recusam a enxergar todos os seus defeitos, que não são poucos, e fazem questões de propagar todos os seus grandes feitos, que de fato são muitos.
          Elas enxergam em Israel e Cuba aquilo que de bom gostariam enxergar no seu próprio povo, e que acham que seus adversários os impedem de realizar. Debater com eles utilizando argumentos racionais e equilibrados é inútil. Quando postos em ameaça, desqualificam o interlocutor com epítetos como ''‘antissemita’'', ''‘imperialista’'', etc....
           Faz falta no Brasil uma educação que ensine nossos jovens a adorar nosso próprio país do mesmo jeito que alguns de nossos pensadores e políticos idolatram potências estrangeiras. Ainda não acordamos para o fato de que nossa Cuba e nosso Israel devem ser nós mesmos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Seu portfólio de investimentos: você mesmo

          
           Os especialistas em finanças dizem que para conseguir o máximo de rendimentos com a maior segurança, deve -se montar algo chamado portfólio de investimentos. Basicamente, ele consiste em distribuir os seus fundos em diferentes investimentos, para distribuir o risco e o volume de retorno da maneira mais inteligente possível. Isso pode parecer inacessível para a maioria que não tem bons conhecimentos matemáticos ou financeiros, mas na prática é muito fácil de se realizar. O meu antigo método para montar minha carteira era dividir meus fundos em 3 partes diferentes, e dividir o dinheiro num investimento de baixo risco, outro de risco moderado baixo, e em outro de moderado-alto. Porém, mesmo quem não investe, pode realizar isso com seus projetos pessoais.

         Basta enxergar seu emprego, sua poupança e seus relacionamentos mais duradouros como um investimento de risco baixo a moderado mas que correspondem a maior parte de sua renda, seus hobbies e projetos de negócios secundários como moderado-alto, que podem gerar um incremento razoável nos seus ganhos quando forem concretizados, e suas ideias mais mirabolantes como de risco alto, mas com possível alto retorno ou realização se derem certo. Fazendo isso, você saberá como distribuir seus esforços da melhor maneira, para que sua vida seja o mais produtiva possível. O segredo é se enxergar, mesmo estando no CLT ou no serviço público, como um empreendedor de si mesmo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Notas Filosóficas- ''Sobre Paulo Freire''

    

    Tive a oportunidade de ler um pouco sobre os métodos de pensadores como Paulo Freire, Montessori, A.S Neill, Wilhelm Reich. Minha mãe cursou Pedagogia, e vivia trazendo textos desses excelentes teóricos para casa. Sobre Paulo Freire em particular, eu lamento apenas que falem muito dele, mas apliquem pouco do que ele falou. Pelo menos na minha experiência com a Educação, seja como aluno seja como profissional, eu vi que falam muito das ideias dele na teoria, mas na prática o ensino continua "bancário", os diretores continuam querendo vencer o IDEB e a estourar o ENEM, mas as escolas não ensinam os alunos a serem cidadãos que vivam uma vida plena e feliz. 
      O resultado disso, é que mesmo quando temos algumas poucas escolas onde se conseguem mandar bastante alunos para a USP, ITA, Unicamp, ainda assim temos formamos pessoas que não conseguem manter casamentos saudáveis, serem bons exemplos para os filhos, que se drogam, que se suicidam. 
     Paulo Freire e outros três grandes pensadores, que foram Darcy Ribeiro, Nise da Silveira e Anísio Teixeira, entre vários outros que não haveria espaço para citar aqui, tentaram criar uma Educação aonde além de bater o ENEM os alunos aprendessem a ser felizes e terem propósito na vida, mas infelizmente foram castrados em muita coisa do que tentaram.
        É graças a eles que temos uma Educação sem palmatória, mandar rezar no milho, botar chapéu de burro nos alunos, e onde se tenta, ainda que de forma muito precária, incluir os alunos com variadas deficiências e problemas de aprendizado. 
       Na Educação de hoje, muito se fala de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, mas continuam a pressionar os professores a estourar o IDEB e o ENEM, e igualmente aos alunos. Sem contar, que aqueles que falam mal da Educação, também fazem um péssimo trabalho nas áreas que administram. Aí metem o pau nos professores para desviar atenção da própria incompetência.
        Se for levado em consideração, que mesmo tendo falta de verbas, falta de apoio dos governos, políticos e traficantes tentando mandar nas escolas mais que os diretores, e grupos como o Escola sem Partido difamando, os professores ainda conseguem mandar um monte de alunos para UFBA, UFRB e UNEB, na verdade eles fazem milagres. 
        Se tem um ponto que eu poderia fazer objeção a Paulo Freire, é que ele foca demais na luta de classes. Eu acho equivocado querer ensinar os alunos a terem ressentimento com quem sabe ganhar dinheiro. Pra mim os alunos deveriam ter como exemplo, além de Machado de Assis, Carolina de Jesus e Chico Mendes, figuras como Arnold Schwarzenneger, George Foreman, Roberto Justus. 
         Porém, é um exagero dizer que o problema de nossa Educação é Paulo Freire. Na verdade, o problema é até o contrário, falam dele e de outros teóricos libertários apenas para simular um progressismo que não existe na prática. Assim como acontece com o Duque de Caxias e com Ruy Barbosa, precisamos tirar Paulo Freire do pedestal, e passar o viver o que ele pregava no nosso dia-a-dia.


terça-feira, 10 de agosto de 2021

Notas Filosóficas: 25. Do Artista Libertador

      A escrita de Ferreira de Castro sobre sua volta ao mundo é simplesmente maravilhosa. Ele fala sobre os efeitos do racismo e do imperialismo ao mesmo tempo que mostra uma grande compreensão em relação aos povos que os praticam, enxergando tanto opressores como oprimidos sob uma ótica muito humana. De forma semelhante, Kurt Vonnegut critica os males da sociedade sem jamais perder a leveza e a esperança, mesmo quando escreve sobre as coisas mais tristes e pesadas possíveis.

    Essa leveza e esperança no progresso que esses autores possuem talvez seja o caminho para uma nova Arte, uma arte humana que critique o que está errado com o mundo sem querer impor uma receita pronta para consertá-lo. Eles confiam na capacidade humana de resolver os problemas sem precisar se escravizar a sistemas fechados, que, eles bem sabem, fazem parte do que está errado. A mensagem deles é que, se nós, os humanos, criamos nossos próprios problemas, cabe a nós mesmos, os principais interessados, resolvê-los com serenidade e maturidade, sem recorrermos a jogos de poder nem a subterfúgios.  

Por Nicolas Rosa

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Nova leitura: Brazillionaires, de Alex Cuadros



Esperei anos esse maravilhoso livro sair pelo Kindle. Ele não foi editado no Brasil porque foi censurado por alguns bilionários, que acharam que o livro criaria má fama para eles no Brasil.

Ele conta a história de como os mega-ricos brasileiros manipulam o ambiente a seu favor, falando sobre variados bilionários brasileiros, especialmente Eike Batista.

O livro não traz muita coisa nova, o mais interessante nele é ver o ponto de vista de um estrangeiro sobre como nosso país funcionava até um pouco antes do impicha de Dilma.

Uma bela radiografia do nosso país, demonstrando como a gente estava um pouco antes da situação começar a ficar como hoje. 

Por Nicolas




domingo, 4 de julho de 2021

Projetos Rotaract 2021

Projetos a serem propostos para o Rotaract SAJ, no ano de 2021:

No. 1: ZineSAJ

Poderia ser criado um coletivo de artistas que criasse zines e cordéis, e o distribuíssem nos espaços comerciais e públicos de SAJ. O projete parte do que coloquei no meu projeto anterior ''Cordel Popular''. Possuo obras com os quais posso contribur para o projeto, nomeadamente ''A Jaguatirica e a Onça'', e uma fanzine que pretendo redigir, intitulada ''Dicas CFSD''.

No. 2: Tonho Games

Poderia ser criado um pequeno estúdio de games em SAJ, que criaria um jogo amador para servir como demonstração do que a cidade pode desenvolver. Possuo um projeto de jogo que poderia ser utilizado, mas é possível que alguém crie outro. A ideia é desenvolver um jogo, e eventualmente levá-lo a STEAM e outras plataformas de vendas.

No. 3: Rifa do Bem

Podemos realizar uma rifa cujos prêmios sejam produtos da cidade, ou créditos para utilizar no comércio local.

No. 4: Tribos Virtuais, Ameaças Reais


Oficina sobre grupos de ódio encontrados no mundo virtual.

No. 5: Caravana do Sangue

Poderíamos organizar um cadastro de doadores de sangue, para avisá-los no dia que podem doar, e também para organizar o transporte dessas pessoas até a HEMOBA.



Notas Filosóficas- 22. Das Pornografias

 


22. Das pornografias

    A gente cresce sendo manipulado a odiar figuras como Eduardo Cunha e Geddel, que roubam algumas centenas de bilhões, enquanto nos faz achar natural os grupos financeiros sugarem dezenas de trilhões. Ai a gente vai trocando um partido por outro, brigando com familiares e amigos por causa de políticos que não estão nem ai para a gente, enquanto a essência do sistema não muda.

    Essa "pornografia da corrupção", praticada por Veja e Caros Amigos, entre outros veículos, e semelhante a "pornografia da violência" praticada por Sikera Jr., Datena e outros. A diferença e que uma e feita para agradar a classe média letrada, a outra para agradar as massas populares. A mensagem psicológica que ambas buscam passar e a seguinte: "O mundo está assim porque é comandando por gente corrupta, preguiçosa e incompetente. Se pessoas honestas, trabalhadoras e competentes como você mesmo estivessem no poder, as coisas seriam melhores que hoje." 

      Elas agradam o senso de justiça pequeno-burguês que todos nós temos. Colocam o trabalhador contra o lumpenproletariado e a aristocracia operária, e a classe média baixa contra a alta, enquanto o poder da grande-burguesia permanece intacto. 

      São mais um aparato de controle do sistema. Nos manipulam através de uma falsa catarse, aonde, se revelando as lideranças vigentes como falsos profetas, se abre para espaço para o próximo Salvador da Pátria. 

domingo, 27 de junho de 2021

Notas Filosóficas- No. 1: O Grande Desafio


 1.O Grande Desafio

  Apesar de não conhecer xenobiologia, acredito que a definição universal de seres humanos seja a de que, além de possuir polegar opositor, a capacidade de pensamento abstrato. É possível que em todos os planetas que existam vida complexa, eventualmente venham a surgir, dadas as devidas condições, seres com essas características, que eventualmente tomam o domínio de seus planetas nativos. Do ponto de vista da natureza, porénm o surgimento de tais seres não compensa no curto prazo. 

  Os humanos tendem a ser não apenas predatórios em relação a outros seres, como também autodestrutivos. O que talvez faça valer à pena a existência desses tipos de seres seja justamente sua busca por levar a vida a outros planetas aonde ela não existe, atuando como órgãos reprodutores de toda a vida de seus planetas originais. 

   Se sobrevivermos até o fim deste século, algo que poderia ser chamado de nosso ‘’Grande Desafio’’, nosso Sistema Solar estará aberto para levarmos vida a ele. Se falharmos, deixaremos o caminho aberto para uma nova espécie, daqui a alguns milhares ou talvez milhões de anos, concluir o que não conseguimos.

sábado, 1 de maio de 2021

SOBRE A CIÊNCIA E O SENSO COMUM

Autores como Olavo de Carvalho, Ayn Rand e outros tem certa popularidade porque usam uma retórica falsamente científica, mas que apela fortemente para o senso comum. A ciência, por si só, não é superior ao senso comum, muito pelo contrário.

Ela só se tornou possível, graças a Filosofia, que nos seus primórdios extraía premissas das situações utilizando o senso comum como ferramenta de investigação.

Cientistas geniais podem cometer erros graves se não utilizarem o senso comum, ou pelo menos o bom senso, para realizar seus projetos. Uma pessoa sem grandes qualificações acadêmicas, mas que tenha bom senso, pode ir mais longe do que um super pensador que não tem sabedoria.

A raiz da questão é saber delimitar o espaço de cada coisa. Ciência é ciência, senso comum é senso comum. A ciência nos ajuda a alcançar alturas maiores, o senso comum, ou pelo menos o bom senso, nos ajuda a não cairmos de já onde estamos.

E assim a gente segue nosso caminho.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Resenha: HAMILTON, de Lin Manuel Miranda



Eu adquiri uma janela da Disney+ com um colega, e não me arrependi. Comecei a botar em dia os filmes da Pixar e da Marvel que eu perdi desde que a Disney saiu da Netflix e dos outros streamings, comecei a acompanhar The Mandalorian, e parei para ver, apenas por curiosidade, a peça ''Hamilton'', de Lin Manuel-Miranda.

Eu conheci parte da história de Alexander Hamilton, a personalidade retratada na obra, num livro americano bem velhinho que achei numa escola que trabalhava. Achei maravilhosa a semelhança da sua biografia com aqueleas do Barão de Mauá e Ferdinand de Lassale, duas figuras históricas que admiro muito.

Lin-Miranda consegue tornar interessante uma história que seria chata para os padrões atuais, imprimindo uma pegada pop as passagens da vida do político e empreendedor Hamilton- retratando sua vida desde que chegou as 13 Colônias, até seu envolvimento com a Revolução Americana, e sua brilhante, ainda que um tanto turbulenta, participação na formação do novo país que surgiu após a expulsão dos britânicos.

Assim, pode-se dizer que ‘’Hamilton’’ está entre os melhores conteúdos, de um streaming que já tem um acervo muito bom. Quem dispor seu tempo para assistir, não irá se arrepender.

domingo, 11 de abril de 2021

Reflexão sobre a Educação

Texto de um trabalho realizado na UNEB, no qual se pedia que se fizesse uma reflexão sobre Educação.


''Em todas as instituições de ensino que estudei e trabalhei, via uma contradição expressa entre a retórica progressista e a prática efetiva que elas realizavam. Nas escolas particulares, mesmo eles praticando uma pedagogia formalmente libertária, eu via os professores e funcionários tendo que trabalhar anos seguidos sem sequer terem reposição de inflação, e sem poderem fazer greves devido a isso porque sabiam que seriam demitidos na primeira oportunidade.

Na escola pública, por outro lado, eu via os piores professores e alunos, em todos os sentidos, serem justamente os que mais puxavam greves, ambicionando cargos na estrutura escolar e do movimento estudantil.

Eu via escolas que falavam em ‘’educação inclusiva’’, em formar o ‘’sujeito histórico-crítico’’, deixarem os alunos a mercê de professores e coordenadores que praticavam todos os tipos de abusos porque eles eram apoiadores da direção ou da reitoria.

Além disso, eles falavam sobre ‘’promover a saúde mental’’, e não faziam nada em relação aos alunos, professores e funcionários que entravam em colapso nervoso todos os dias devido a carga estressante de estudos e trabalho, sem contar o clima de perseguição aonde aqueles que fossem pegos no menor deslize sofriam processos e sindicâncias.

Ao mesmo tempo em que eles criticavam a ‘’educação bancária’’, faziam questão de exibir a quantidade de alunos que conseguiam mandar para os cursos mais cobiçados de faculdades importantes, não importando para isso que a vida social e afetiva dos alunos fossem totalmente destruídas no processo.

Isso me deixou com a impressão de que boa parte do que se fala na Educação é apenas retórica. Sim, acabaram as palmatórias, o rezar no milho, as cartas recomendando aos pais darem uma surra nos filhos por terem se comportado mal na escola.

Existem cada vez menos pais e professores que dizem que para o aluno que ‘’se ele não estudar, só vai servir para ser vigilante noturno, auxiliar de serviços gerais, frentista de posto ou para ser vagabundo. ’’ Esse é um ameaça psicológica que está tão manjada, que os filhos e alunos tendem a cair cada vez menos nela. O filho ou aluno podem simplesmente responder de volta: ‘’E o senhor, que estudou tanto, só conseguiu ser um assalariadozinho de terceiro escalão e vai morrer tendo uma aposentadoria medíocre. ’’

Hoje em dia, porém, é o próprio sistema que se encarrega de dizer isso as pessoas, através de um código moral que divide a sociedade agudamente entre os vencedores, que conseguiram responder com sucesso aos desafios da vida, e os fracassados, que por não conseguirem aguentar o peso das crescentes responsabilidades que surgem no mundo moderno, acabam sendo relegados ao desemprego ou as funções que os vencedores não desejam.

Apesar de toda a retórica igualitária e progressista, a escola é um dos espaços aonde essa lógica dos vencedores e fracassados se apresenta de forma mais contundente. Há os vencedores, que tiram boas notas, são populares tanto com os professores como com a maioria dos colegas e tem várias namoradas, e há os fracassados, que tiram notas ruins, os professores e colegas apenas toleram, e tem chances consideráveis de chegarem à idade adulta ainda virgens e sem ninguém.

Apesar de existir uma falsa ideia, difundida pela mídia, de que ‘’um dia os nerds é que vão ser os patrões enquanto os populares vão ser os empregados’’, quem já é excluído na escola dificilmente vai chegar longe na vida. Vão ter uma carreira profissional confusa e errática, uma vida amorosa e familiar marcada pela baixa auto-estima e pelos traumas da juventude, uma vida social pior ainda.

E nem mesmo aqueles que foram ‘’vencedores’’ na escola estão a salvo de sofrerem o mesmo destino, porque quando entrarem no mundo adulto, aonde sua popularidade da adolescência não tem valor, eles podem entrar num processo de angústia existencial para o qual não foram preparados, porque não foram forçados a amadurecer já na juventude.

A educação falsamente progressista, que alega ser libertária, mas não combate na raiz a dicotomia entre vencedores e fracassados imposta pela sociedade burguesa, é uma educação que serve apenas como reprodutora de mão de obra para o sistema, sob a falsa premissa de que estaria libertando o trabalhador ou o cidadão ao oferecer a  ele uma ‘’formação crítica’’, e ainda assim fortemente enviesada e partidária.

Essa educação só tolera críticas a classes externas a ela, como a alta burguesia, a classe média conservadora e aos empresários, pois quando se fazem criticas a sua relação promíscua com a política, sua visão pequeno-burguesa do mundo, ou os seus próprios pequenos privilégios, ela busca desqualificar cruelmente quem põe tais pontos em questão.

Caso aquele professor que surgiu no filme ‘’A Sociedade dos Poetas Mortos’’ fosse transportado para os tempos de hoje, ficaria surpreso como, apesar da educação ser muito menos repressiva do que a da época retratada no filme, ela permite existir um clima de crueldade mental aonde os alunos se matam de estudar sem terem garantias de que encontrarão bons empregos quando se formarem, e os professores, assoberbados de trabalho, literalmente se matam por não conseguirem encontrar uma razão para o que estão fazendo, porque não conseguem mais enganar os alunos com a promessa de um futuro radiante que não enxergam nem para si nem para os próprios filhos.

Por isso, eu acredito que para resinificarmos a Educação em relação ao clima de estagnação na qual ela se encontra, e criarmos um ambiente escolar aonde os alunos possam realmente se expressar como seres humanos completos e complexos, precisamos primeiro rever nossa própria visão de sociedade, e pararmos de sermos progressistas na retórica, e repressivos nas práticas efetivas que realizamos.''

O Negro no Brasil- Resenha

 


O excelente livro de Leandro de Assis aborda uma questão espinhosa para muitos: qual deveria ser o principal critério para definir quem teria direito ou não as cotas raciais, ou seja, se o critério deveria ser o fenótipo (cor da pele e outros marcadores físicos) ou o genótipo ( a autodeclaração feito pelos próprios interessados, por possuírem um ou mais ascendentes pertencentes as etnias desfavorecidas). Usando argumentos muito elegantes e inteligentes, embasados numa lógica e jurisprudência impecáveis, Leandro se posiciona como partidário da segunda opção.

O livro se inicia com um resumo histórico da situação do negro no Brasil, versando especialmente sobre a marginalização dos afrodescendentes após o fim da escravidão, levada a cabo através de politicas de branqueamento e de criminalização dos excluídos, o que acabou jogando os recém-libertos numa posição de miséria e subalternidade. 

Chegando aos tempos contemporâneos, quando as políticas de reparação começaram, Leandro busca argumentar que usar como critério de inclusão nessas políticas o fenótipo poderia gerar, por parte do Estado, uma nova violência contra aqueles que carregam todas as consequências dos anos de escravidão e discriminação, independentemente de sua aparência física mais evidente.

Embora o próprio autor não expresse isso, pode-se considerar que políticas de reparação baseadas no fenótipo poderiam promover o que poderia se chamar de ‘’apartheid politicamente correto’’, que fatalmente degeneraria numa espécie de supremacismo estético amparado pelo Estado.

A forma de se evitar isso seria a adoção do modelo do genótipo embasado na autodeclaração, que apesar de possivelmente permitir que pessoas com quase nenhuma ascendência negra a assumirem vaga destinadas a negros e pardos, evitaria o abuso de poder por comitês raciais que agiriam com um viés ideológico excludente.

Leandro conclui seu belo tratado conclamando que as leis que garantem o ensino da história da África, tanto nas aulas de História Geral como numa matéria criada especificamente para esse fim, sejam postas em prática, para que o orgulho pelo papel deste continente em nossa formação nacional venha a ser verdadeiramente valorizado por nossas novas gerações.

Caso tenha interesse no livro: https://www.amazon.com.br/Negro-Brasil-Hist%C3%B3rico-Desvantagens-Repara%C3%A7%C3%A3o-ebook/dp/B08WLFSQDG

quinta-feira, 25 de março de 2021

O professor de História ainda é necessário?

Por Nicolas Oliver

Texto para o curso de História, da UNEB.  


       Li um artigo que me deixou muito perturbado: o artigo dizia que o QI das novas gerações tinha decaído em relação ao da geração anterior, e que a possível culpa desse fato estava no excesso de exposição a mídias eletrônicas desde a mais tenra idade. O cientista que foi entrevistado no artigo dizia que intoxicação digital estava funcionando como ‘’uma fábrica de cretinos digitais’’, incapazes de realizar pensamento crítico, raciocínio lógico, e com a inteligência motora e social afetada.
       Outro artigo que li dizia que as novas gerações, além disso, tenderiam a serem mais pobre do que seus pais e avós, não só porque crescerão num ambiente sem estabilidade profissional e com menos garantias sociais que dificultarão a aquisição da casa própria, como também gastariam muito mais com tratamentos de doenças como depressão e outras questões psicológicas, causadas pelo estresse mental e pela falta de referências sólidas do mundo contemporâneo.
        Assim, as novas gerações estariam condenadas a viver num mundo falido, em eterno descontentamento e incapazes de compreender como foram parar nessa situação. O pouco que conseguirem aprender de Português, Matemática e Ciências apenas lhes serviria para conseguirem uma vida materialmente menos pior, mas não resolveria o crescente vazio existencial que as assola.
         Quando fiz as provas para exercer meu emprego atual, escolhi como tema de Redação fazer uma análise de figuras como Bel Pesce (‘’A menina do Vale’’) e Eike Batista (‘’O Eike Xiaoping’’), que tiveram ascensões meteóricas, como todo mundo querendo ser igual a eles e copiar seus aparentes exemplos de sucesso, e depois caíram da noite para o dia, virando motivos de chacota e opróbrio.
Não tenho mais a cópia da redação em questão, mas lembro de na mesma, ter deplorado o fato de que a sociedade tem tendência a escolher como modelos de conduta indivíduos terrivelmente falhos, cuja decepção que geram acaba criando apatia nas pessoas, que por causa disso deixam de seguir qualquer um que traga ideias diferentes de como fazer as coisas.
         Acho que ensinar as pessoas a diferenciar os verdadeiros inovadores dos falsos profetas seja a principal função não só do professor de História, mas das Ciências Humanas em geral. O historiador deve preparar as massas para respeitarem e seguirem líderes como Angela Merkel e Barack Obama, e rejeitarem aventureiros como Berlusconi e Trump, mostrando os pontos fortes e fracos dos grandes líderes do passado e como eles chegaram a glória ou ao fracasso nos caminhos que escolheram.
         Na minha trajetória política, por exemplo, cometi mais erros que acertos. Acreditei que as Jornadas de Junho fariam ‘’o gigante acordar’’, e ele continuou dormindo, acreditei em figuras como Cristovam Buarque, Marina Silva e Tábata do Amaral e os vi, um após o outro, contradizerem através de ações o que falavam através de palavras, e tantas outras decepções.
         Através do ensino da História, pretendo que os jovens do futuro estejam habilitados a intervir no cenário político de forma muito mais produtiva do que eu, mantendo seu idealismo e esperança sem deixarem de analisar friamente a realidade e suas vicissitudes.
        Observo com certa desconfiança, por exemplo, um influencer como Felipe Neto ser alçado ao posto de porta-voz da resistência ao bolsonarismo, por ter sofrido perseguição legal devido as suas posições. O mesmo Felipe Neto, anteriormente, havia usado de sua influência para dizer que o ensino de Machado de Assis nas escolas não era necessário, devido ao fato dele e outros autores nacionais serem ‘’chatos’’ para a juventude.
        Esta foi uma fala muito perigosa, porque as crianças e jovens dos países desenvolvidos não deixam de estudar Shakespeare, Poe ou Orwell porque são ‘’chatos’’ para eles. Quando se tornam adultos, elas passam a produzir os filmes, livros e videogames que as nossas crianças passam horas assistindo, lendo e jogando, o que só serve para perpetuar nossa dependência e subordinação, tanto cultural quanto econômica, em relação a esses países.
         Por essas e outras razões, caso o campo progressista um dia volte ao poder, Filipe Neto tem grande potencial para se tornar uma nova Tábata, alguém que vai contrariar todas as expectativas daqueles que confiaram nele, caso ele chegue ao poder após se candidatar a um cargo político.
          Numa sociedade aonde os historiadores e demais cientistas sociais cumprem suas funções a contento, as pessoas aprendem a não esperar mais por príncipes encantados montados em cavalos brancos, mas dão poder a líderes equilibrados e razoáveis, que criam um círculo virtuoso de boa vontade e prosperidade na sociedade.
          Assim, pode-se concluir que o historiador, em vez de ser um mero entusiasta do passado, tem um importante papel na construção do futuro, ao ser um fiador da qualidade do processo democrático. A ele cabe ajudar a evitar que o mundo, sem referências nem esperança, degenere numa distopia pós-apocalíptica regida apenas pela lei dos mais forte.

domingo, 21 de março de 2021

O Professor de História e a Contemporaneidade



   
Texto feito para a graduação em História na UNEB, como trabalho de sala.

      Enxergo História como um curso muito subestimado. Quando falam de História, as pessoas no mínimo dizem que, assim como o resto das graduações de Humanas ou da docência, ela é uma graduação sem futuro, que além de ter cada vez menos empregos disponíveis, tem um mercado crescentemente saturado, aonde milhares de profissionais são jogados nas ruas a cada ano, para competir com as dezenas de milhares que já existem. As Ciências Sociais ainda enfrentam o estigma de serem cursos alegadamente procurados por pessoas que entram na faculdade para participar do movimento estudantil e da politica em vez de buscarem serem bons estudantes na área que escolheram.
      Segundo os detratores, depois de ficar dez ou mais anos fazendo um curso que deveriam ter feito em quatro ou cinco, os egressos vão geralmente para a Educação Pública, aonde passarão mais tempo planejando greves, conspirando para manipular as eleições de diretores, e doutrinando os alunos a se filiarem a partidos políticos, do que de fato ensinando qualquer coisa que seja proveitosa aos alunos na faculdade e no mercado de trabalho.
     É inegável que tal estereótipo tem certa base na realidade, porque convivi, nas escolas em que estudei e trabalhei ao longo da vida, com pessoas e grupos que se encaixam nele quase ao ponto do caricatural. Os praticantes desses tipos de atos geralmente justificam esse desserviço que prestam a Educação com a frase de efeito ‘’mas tudo o que fazemos é um ato político!’’, como desculpa para poderem praticar política no pior sentido do termo, de forma faccional e enviesada.
     Felizmente eles são uma minoria na Educação, que na grande maioria é formada por pessoas que levam muito a sério suas funções, e cuja ação política é dar aos alunos as melhores aulas e assistência pedagógica que as condições lhes permitem, e até além do que é esperado pelos regulamentos. Diante dessa realidade, fica óbvio que o clichê do ‘’professor doutrinador’’ é apenas um espantalho manipulado habilmente por pessoas que promovendo grupos como o infame ‘’Escola sem Partido’’, são bastante partidárias e faccionalistas elas próprias.
      Todavia, é ilusão esperar que uma graduação possa mudar as perspectivas espirituais e profissionais de uma pessoa. Quem chega a faculdade sem uma visão de mundo já formada dificilmente vai conseguir manter a que adquiriu nela após confrontar a realidade profissional efetiva, e quem já não tiver uma carreira profissional já em processo de construção dificilmente vai melhorar isso graças à faculdade.
     Quando as pessoas esperam demais de uma graduação ou formação profissional, quase sempre acabam se desiludindo quando a vivência real não corresponde as expectativas. O curso de História, assim como qualquer outro, deve servir como complemento a um planejamento profissional anterior e maior, e não como o centro de todos os planos da pessoa. Se ela não fizer isso, pode se desiludir ao enfrentar um mercado de trabalho competitivo e hostil, aonde todos os esforços que ela fez para se qualificar com distinção não tem valor algum.
      Acho errado, porém, subestimarem História como um curso sem futuro, porque conheci várias pessoas, que ainda que não trabalhem na área de formação, conseguiram boas colocações na política e no serviço público, e ascensão no serviço privado, graças a graduação que fizeram. Sim, existem muitos historiadores desempregados ou empregados de forma precária, mas hoje em dia pode se dizer o mesmo de muitos engenheiros, advogados e até mesmo médicos.
     Quanto a função política do professor de História, sempre acreditei que o civismo e o patriotismo devem vir a frente de qualquer posição partidária ou filosófica que porventura ele tenha. Já chegaram a me dizer que o ‘’civismo’’ é um termo herdado da ditadura, mas eu pessoalmente não me importo com essa alegada conotação negativa.
      Considero um desperdício ver professores que jogam fora o potencial intelectual dos seus alunos ensinando-os a idolatrar Marx, Lenin e Che Guevara, ou então Mises, Hayek e Thatcher, e não apresentam a eles figuras como o Barão de Mauá, o Marechal Rondon, ou Cipriano Barata.
     Para mim a História deveria instilar nos alunos não a luta de classes nem a falsa meritocracia, mas acima de tudo o orgulho de terem nascido e crescido num país que já foi habitado por indivíduos portadores de grande talento, força de vontade e envergadura moral. Se sentindo herdeiros desse legado, eles procurariam emular essa grandeza em suas vidas pessoais, em vez de perderem tempo com visões equivocadas e alienígenas de como o mundo funciona.
      Assim como todos os países, nós temos o que poderia ser chamado de ‘’Legado Cívico’’ herdado de regimes e modos de produção anteriores, e a História, a meu ver, pode ser a ferramenta para transformar a força bruta e inexplorada deste Legado em energia para mudar nossa realidade para melhor, superando as contradições internas de nosso desenvolvimento e criando uma pátria próspera e segura para todos.



sábado, 6 de março de 2021

Pontos errados com a indústria dos games, e possíveis soluções

Um artigo sobre o que acho que está errado na indústria de jogos, e o que poderia melhorar. Essa é a primeira parte.    

Os problemas 

1.Violência e ação pela ação

O fato de existirem mais games envolvendo violência, conflito e destruição, do que compromisso, negociação e construção ajudaram a tornar a sociedade intelectualmente militarizada. Essa mentalidade conflito ajudou a tornar as redes sociais em campos de batalha, tomadas por gangues rivais que lutam por território de forma parecida com as gangues da vida real.

2. Imersividade excessiva

Os games, tanto os online como aqueles offline de mundo aberto, passaram a oferecer cenários crescentemente mais complexos e detalhados, recheados de missões secundárias e minigames paralelos que passaram a tomar cada vez mais tempo dos jogadores. Esse tempo excessivo passado no mundo virtual afasta os jogadores do mundo real, gerando uma relação de dependência psicológica quase semelhante ao uso de álcool e drogas, e em alguns casos até mesmo mais danosa.

3. Falta de confiança nos jogadores

Políticas de proteção de propriedade intelectual e de DRM inflexíveis tratam o jogador como um delinquente em potencial, e não como alguém que quer apenas se divertir com os produtos pagando um preço justo por eles e podendo utilizar seus códigos-fonte para criar coisas novas.

4. Sofrimento psicológico por parte dos profissionais do mundo dos jogos:

Muitas empresas forçam seus funcionários a trabalhar várias horas seguidas depois do expediente formal, gerando sequelas físicas e psicológicas nos mesmos. O jogo é um produto de diversão: também deveria ser divertido para as pessoas que trabalham no seu desenvolvimento e distribuição.

5. Lógica de produção monopolista e concentradora:

A maneira que a indústria funciona perpetua relações de subalternidade entre os países e regiões desenvolvidos aonde as unidades de produção dos games se encontram, e aqueles que os consomem. Os primeiros concentram os meios de desenvolvimento de uma forma que acaba gerando um círculo vicioso aonde os segundos têm muito menos probabilidades de concorrer de forma competitiva, com os produtos dos países e regiões dominantes controlando quase todo o mercado.

6. Incentivo aos grupos de ódio:

O mundo gamer é conhecido por ser reduto de vários grupos problemáticos, como incels, MRAs, supremacistas brancos, e outros grupos de ódio. Não são tomadas medidas efetivas para manter esses grupos sobre controle.

Possíveis soluções:

1. Não recompensar a violência:


Criar jogos aonde evitar a violência seja recompensado, e usar a força sem motivo seja punido ou pelo menos fortemente desencorajado.

2. Evitar a imersividade excessiva:

Criar jogos cujos mini-games e missões secundárias não desviem demais o jogador da missão principal. Limitar a imersividade a fins pedagógicos e de construção de enredo bem definidos.

3. Confiar na integridade das pessoas:


Criar jogos de código aberto, e com grandes possibilidades de customização por jogadores que queiram criar experiências novas. Flexibilizar fortemente a política de DRM, quando não acabar completamente com ela.

4. Mudar as práticas de trabalho:


Adoção de práticas de trabalho justas e humanas por parte da indústria. Evitar glorificar o comportamento workaholic e incentivar os colaboradores a buscar viver e trabalhar da maneira mais saudável possível.

5. Equilibrar o jogo:

Criar jogos que possam rodar em computadores mais antigos e menos potentes, para que as pessoas se acostumem com jogos tecnicamente simples, mas bem-feitos. Isso permitirá as pessoas mais pobres terem acesso a jogos da mesma qualidade que aquelas mais favorecidas, permitindo, dessa forma, que mais países e regiões consigam se tornar produtores de games.

6. Tornar os jogos odiosos para quem odeia os outros:


Parar de criar jogos que incentivem o machismo, o racismo, a homofobia e outras formas de preconceito. Quanto mais jogos humanistas e inclusivos forem produzidos, menos motivos os extremistas vão encontrar para se identificar com eles.''

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Resenha: Um Reino Unido


      Quem me recomendou esta obra foi meu pai, que já tinha me recomendado antes o não menos excelente ''Meu Nome é Dolemite''. O filme conta a história, baseada em fatos reais, do que seria o primeiro presidente da Botswana independente, o então príncipe herdeiro do protetorado britânico da Bechuanalândia, Seretse Khama, vivido pelo ator  brito-americano David Oyelowo. 
        Perto de terminar o curso de Direito em Londres, ele se apaixona pela bancária Ruth Williams(Rosamund Pike) e igualmente apaixonados, ambos decidem se casar, mesmo sabendo que isso encontrará oposição não só da sociedade britânica, como do próprio povo de Seretse, e do governo da África do Sul, que tinha começado a implementar a política do apartheid. Quando, já casados, ambos decidem ir para a terra de Seretse, que até então estava sendo governada por seu tio, ele consegue convencer seu povo a aceitar uma rainha de origem estrangeira e raça diferente, e Ruth logo consegue entrar nas graças de seu novo povo, apesar do tio de Seretse se afastar por desgosto.
      Além disso, o governo britânico, dependente dos minérios fornecidos pela África do Sul, se recusa a empossar Seretse como rei como seria previsto. Ele acaba sendo exilado na Grã-Bretanha, e deixa Ruth para trás, com medo de que o governo britânico os prendesse para sempre na metrópole caso ambos deixassem sua terra para trás. Após isso, se segue uma grande batalha legal e política, para Seretse conseguir reverter o exílio, e voltar não só para sua terra, como para sua esposa, que deu a luz a uma filha enquanto ele estava fora. 
       Não contarei o resto da história para evitar spoilers, mas o filme conta uma história de esperança num momento triste como o que vivemos, que conta a história não só de um líder que conseguiu lutar contra o racismo ainda antes de Malcom X e Nelson Mandela surgirem, mas também tornar seu país uma terra pacífica e democrática, um dos poucos países do Terceiro Mundo que, após se libertar dos seus colonizadores, não foi tomado por guerras e conflitos.

Aonde ver:

O filme se encontra disponível no catalógo da Netflix.

Resenha: ''Saúde: Mercado de Sucesso''


     O Dr. Tailan escreveu seu livro para quem deseja empreender no ramo da saúde, porém na verdade possui conselhos que podem ser úteis para qualquer pessoa que queira fazer um negócio ou projeto dar certo. Ele ensina de forma bastante didática os passos a serem tomados depois que o profissional termina sua graduação, e indica também os equívocos e maus investimentos que podem fazer ele ficar parado no tempo e espaço, sem progredir na sua carreira.

      Ele dá esses conselhos numa obra compacta, simples e direta, baseada na sua vivência pessoal como bio-médico e empresário. Um ponto a se destacar é a importância que ele dá a qualificação constante, para poder prestar aos clientes o melhor serviço e se destacar no mercado, que apesar de ter uma grande concorrência, costuma recompensar aqueles que buscam ser mais do que apenas mais um entre vários. Vi muitos paralelos da trajetória do Dr. Tailan como empreendedor com minha própria carreira no serviço público e na cultura, aonde aprendi através de tentativa e erro como ser um profissional e artista melhor. 

     A obra do Dr. Tailan busca ensinar justamente como evitar a maior parte dos erros, e progredir naturalmente para uma carreira estável e bem sucedida. Vi na obra dele mensagens muito semelhantes as encontradas em ‘’Quem mexeu no meu queijo’’ e ‘’A Estratégia do Oceano Azul’’, sob um novo ponto de vista. Ele guia o leitor através da luta pela realização profissional do mesmo jeito que o general Sun Tzu aconselha a guiar tropas para a vitória, em ‘’A Arte da Guerra.’’ Espero aplicar as lições passadas pelo Dr. Tailan em minha própria vivência, e alcançar, como ele, sucesso nos meus objetivos.

Como contatar o autor:

www.instagram.com/drtailanfroes/ (Instagram)

Resenha: O Império do Ouro Vermelho

Este livro, do jornalista francês Jean Baptiste Mallet, acompanha a moderna indústria do tomate, centrada em três países: Estados Unidos, It...