quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Cordel A Jaguatirica e a Onça- Completo


Texto completo do meu cordel, A Jaguatirica e a Onça, editado em 2019. O deixarei em copyleft para quem desejar tirar cópias e revender ou distribuir, desde que não seja para reproduções em largas tiragens.Aqueles que desejarem uma cópia do arquivo para impressão, podem me pedir no meu Instagram: @nickvladimirins


A Jaguatirica e a Onça 

Por serem primos de raça

De vez em quando saíam

Para pegar uma caça

Para zoar com o primo

A Onça começou a pirraça:


João Tirica rapaz

Voce é mesmo o cara

Pra pegar coisa pequena

Eu num dia pego dez capivaras

Mas mico igual a ti não apanho

Pois meu peso quebra as varas


Onça Armando assim fez o ‘’elogio’’

João entendeu a safadagem

Porém se fez de abestado

Por gostar de molecagem

Já tinha o seu preparado

Pra se vingar dessas bobagens


A Armando ele respondeu

Que era melhor em tudo

E pra garantir ele apostava

O outro se fez de surdo

Achando que e ele era doido

De se medir com o bonzudo


Pra não passar por medroso

Aceitou a aposta absurda

Quem ganhasse era o bom

O outro cão de rua

E quem perdesse dos dois

Que fosse tomar... suco de uva


Os termos diziam

Que ao fim de dez semanas

Seria o caçador mais bacana

Quem trouxesse mais carne fresca

Pra medir com um pé de cana


Jogaram uma moedinha

Pra ver quem ia primeiro

Ganhou o Onça

Apesar de João ser trapaceiro

Armando comemorou

E se saiu ligeiro


No primeiro dia veio

Com ajuda de uma jamanta

Mandou descarregar tudo

Mais de mil quilos de anta

Outros mil de tamanduá

E falou que era só pra janta


Também foi assim

Nos outros seis dias

Armando se esforçando

E João nada fazia

Hospedado em sua casa

De sua caça ele comia


Chegando a vez de João

Ele só fez passear

Pra dizer que algo fez

Ele trouxe uma preá

Assim que botou na mesa

O bicho se pôs a andar


Todo o tempo foi assim

João não fazia nada

O outro pegava meia floresta

Com João na sua taba

Da última ele só trouxe

Amendoim e catuaba



Armando não gostou

Dizendo que contra a Bíblia ele agia

Trazendo fruta em vez de carne

Que nem Caim ele fazia

João se fazia santo pra ouvir

Esperando acabar a ladainha


Sabendo que João tinha as manhas

Armando a Dona Onça disse:

Vigia esse capeta pra mim

Maria Onça Clarisse

E ela falou pra ele

Que contaria o que visse


Armando andava estufado

Na semana final

Se gabava por aí

Se achando mesmo o tal

Mas o que o guariba disse
Tirou-lhe a pose de boçal


Onça Armando, homi

Você tome tenencia!

Pois não sabe o que tem

Em casa na sua ausência

Eu só vou dizer

Para você ter a ciência


É só você virar as costas

Que começa a festa

Eu mesmo me matava

Se me fizessem uma dessas

É sem você estar no lar

Que eles curtem a beça


João come a se fartar

De uma boa rabada

Que por sua bela esposa

É muito bem dada

E ainda chama os amigos

Pra deixar ela preparada


Armando aquilo ouvindo

Sabendo ser feito de otário

Gritou bem alto assim

Aquele salafrário!

Agora ele vai saber

Quem é mesmo aquele Mário!


Chegou em casa correndo

Parecendo um avestruz

Encontrou o primo no quarto

Suando que nem cuscuz

Quando viu ele disse

Tomei chá de mastruz!


Onça Armando gritou

Você saia daí

E num fique trepado

Que nem um sagüi

Se é homem desça

E venha logo aqui


E você Maria Onça

Sai de baixo de colchão

Que você é escolada

Mas não me engana não

Vou ensinar você

Que não sou nenhum Zelão!


Arrastou o primo pra cozinha

E disse pra Tirica

Agora seu miseráve

Você me explica

Porque me enganou

Tirando de minha marmita


Porém abriu a geladeira

E ficou surpreendido

A rabada estava lá

Que guariba bandido

O fez gritar com a esposa

Passando por mau marido


Ao primo João

Quis logo se desculpar

Disse que com a carne

Iria o recompensar

Mas que agora se armasse

Que um safado iam pegar


O guariba, coitado

Não pôde nem responder

Foi ele abrir a digiba

Pra o couro comer

Apanhou tanto nesse dia

Que tenho pena de dizer


Depois disso teve festa

Armando fez um churrasco

Fez em lembrança ao primo

Mesmo tendo o derrotado

Chamaram a floresta toda

Só o guariba não foi lembrado


Meses depois disso

Surgiu a novidade

Maria Onça pariu

E o povo falou com vontade

Metade da ninhada era dela

E do pai outra metade


Aqui acaba a história

Deixando um belo recado:

Se não vive de dedar

Faz bem ficando calado

Pra não ficar que nem o guariba

Que até hoje anda de lado!



domingo, 18 de outubro de 2020

O filme que inspirou o novo jogo do momento



     
   Numa comunidade de colegas do trabalho, vi referências ao jogo Among Us e fiquei curioso para saber sobre o mesmo. Pesquisei no site no qual gosto de pesquisar sobre produtos de mídia, o TV Tropes, e vi que no mesmo constava que o enredo do jogo, além de ser baseado na jogo presencial ‘’Werewolf’’, criado a partir de um jogo soviético chamado ‘’Mafia’’, também tem muitas referências de um grande filme dos anos 80: ‘’The Thing’, de John Carpenter, exibido aqui no Brasil sob o nome ‘’O Enigma de Outro Mundo’’, que por sua vez é baseada no conto ‘’Who goes there?’’ do autor John W. Campbell. 

Nesse filme, uma equipe científica americana na Antártida se depara com os restos de uma base norueguesa cheio de cadáveres carbonizados, em formas que mal lembram corpos humanos de verdade. O único sobrevivente da base são dois homens que tentam desesperadamente matar um cachorro, que eles recolhem, matando os dois homens achando que eles estavam loucos. Em pouco tempo, porém, eles descobrem que o cachorro é portador de uma forma de vida alienígena que toma as células de todas as criaturas vivas com as quais entra em contato físico- e cujos portadores são indistinguíveis dos seres normais, exceto pelo fato de que, quando cortados em pedaços, se subdividem em criaturas menores, que passam a lembrar cada vez menos as criaturas originais que infectaram. 

Surge então um clima de tensão na base, na qual ninguém consegue saber quem ainda é humano e quem é infectado, até os sobreviventes conseguirem um meio para discernir quem é quem, numa corrida contra o tempo para evitar que as criaturas consigam criar uma nave para irem para outros lugares do mundo, ou consigam se congelar num lugar seguro até uma equipe de resgate chegar, e sendo infectada por eles, propagar o ‘’vírus’’ que eles possuem para o resto do mundo. Enfim, um enredo bastante semelhante ao jogo que fez tanto sucesso recentemente. Acredito que o filme ainda está disponível na Netflix, aonde o vi originalmente. Vale a pena a assistida.







Resenha: O Império do Ouro Vermelho

Este livro, do jornalista francês Jean Baptiste Mallet, acompanha a moderna indústria do tomate, centrada em três países: Estados Unidos, It...