A escrita de Ferreira de Castro sobre sua volta ao mundo é simplesmente maravilhosa. Ele fala sobre os efeitos do racismo e do imperialismo ao mesmo tempo que mostra uma grande compreensão em relação aos povos que os praticam, enxergando tanto opressores como oprimidos sob uma ótica muito humana. De forma semelhante, Kurt Vonnegut critica os males da sociedade sem jamais perder a leveza e a esperança, mesmo quando escreve sobre as coisas mais tristes e pesadas possíveis.
Essa leveza e esperança no progresso que esses autores possuem talvez seja o caminho para uma nova Arte, uma arte humana que critique o que está errado com o mundo sem querer impor uma receita pronta para consertá-lo. Eles confiam na capacidade humana de resolver os problemas sem precisar se escravizar a sistemas fechados, que, eles bem sabem, fazem parte do que está errado. A mensagem deles é que, se nós, os humanos, criamos nossos próprios problemas, cabe a nós mesmos, os principais interessados, resolvê-los com serenidade e maturidade, sem recorrermos a jogos de poder nem a subterfúgios.
Por Nicolas Rosa