Texto para o curso de História, da UNEB.
Li um artigo que me deixou muito perturbado: o artigo dizia que o QI das novas gerações tinha decaído em relação ao da geração anterior, e que a possível culpa desse fato estava no excesso de exposição a mídias eletrônicas desde a mais tenra idade. O cientista que foi entrevistado no artigo dizia que intoxicação digital estava funcionando como ‘’uma fábrica de cretinos digitais’’, incapazes de realizar pensamento crítico, raciocínio lógico, e com a inteligência motora e social afetada.
Outro artigo que li dizia que as novas gerações, além disso, tenderiam a serem mais pobre do que seus pais e avós, não só porque crescerão num ambiente sem estabilidade profissional e com menos garantias sociais que dificultarão a aquisição da casa própria, como também gastariam muito mais com tratamentos de doenças como depressão e outras questões psicológicas, causadas pelo estresse mental e pela falta de referências sólidas do mundo contemporâneo.
Assim, as novas gerações estariam condenadas a viver num mundo falido, em eterno descontentamento e incapazes de compreender como foram parar nessa situação. O pouco que conseguirem aprender de Português, Matemática e Ciências apenas lhes serviria para conseguirem uma vida materialmente menos pior, mas não resolveria o crescente vazio existencial que as assola.
Quando fiz as provas para exercer meu emprego atual, escolhi como tema de Redação fazer uma análise de figuras como Bel Pesce (‘’A menina do Vale’’) e Eike Batista (‘’O Eike Xiaoping’’), que tiveram ascensões meteóricas, como todo mundo querendo ser igual a eles e copiar seus aparentes exemplos de sucesso, e depois caíram da noite para o dia, virando motivos de chacota e opróbrio.
Não tenho mais a cópia da redação em questão, mas lembro de na mesma, ter deplorado o fato de que a sociedade tem tendência a escolher como modelos de conduta indivíduos terrivelmente falhos, cuja decepção que geram acaba criando apatia nas pessoas, que por causa disso deixam de seguir qualquer um que traga ideias diferentes de como fazer as coisas.
Acho que ensinar as pessoas a diferenciar os verdadeiros inovadores dos falsos profetas seja a principal função não só do professor de História, mas das Ciências Humanas em geral. O historiador deve preparar as massas para respeitarem e seguirem líderes como Angela Merkel e Barack Obama, e rejeitarem aventureiros como Berlusconi e Trump, mostrando os pontos fortes e fracos dos grandes líderes do passado e como eles chegaram a glória ou ao fracasso nos caminhos que escolheram.
Na minha trajetória política, por exemplo, cometi mais erros que acertos. Acreditei que as Jornadas de Junho fariam ‘’o gigante acordar’’, e ele continuou dormindo, acreditei em figuras como Cristovam Buarque, Marina Silva e Tábata do Amaral e os vi, um após o outro, contradizerem através de ações o que falavam através de palavras, e tantas outras decepções.
Através do ensino da História, pretendo que os jovens do futuro estejam habilitados a intervir no cenário político de forma muito mais produtiva do que eu, mantendo seu idealismo e esperança sem deixarem de analisar friamente a realidade e suas vicissitudes.
Observo com certa desconfiança, por exemplo, um influencer como Felipe Neto ser alçado ao posto de porta-voz da resistência ao bolsonarismo, por ter sofrido perseguição legal devido as suas posições. O mesmo Felipe Neto, anteriormente, havia usado de sua influência para dizer que o ensino de Machado de Assis nas escolas não era necessário, devido ao fato dele e outros autores nacionais serem ‘’chatos’’ para a juventude.
Esta foi uma fala muito perigosa, porque as crianças e jovens dos países desenvolvidos não deixam de estudar Shakespeare, Poe ou Orwell porque são ‘’chatos’’ para eles. Quando se tornam adultos, elas passam a produzir os filmes, livros e videogames que as nossas crianças passam horas assistindo, lendo e jogando, o que só serve para perpetuar nossa dependência e subordinação, tanto cultural quanto econômica, em relação a esses países.
Por essas e outras razões, caso o campo progressista um dia volte ao poder, Filipe Neto tem grande potencial para se tornar uma nova Tábata, alguém que vai contrariar todas as expectativas daqueles que confiaram nele, caso ele chegue ao poder após se candidatar a um cargo político.
Numa sociedade aonde os historiadores e demais cientistas sociais cumprem suas funções a contento, as pessoas aprendem a não esperar mais por príncipes encantados montados em cavalos brancos, mas dão poder a líderes equilibrados e razoáveis, que criam um círculo virtuoso de boa vontade e prosperidade na sociedade.
Assim, pode-se concluir que o historiador, em vez de ser um mero entusiasta do passado, tem um importante papel na construção do futuro, ao ser um fiador da qualidade do processo democrático. A ele cabe ajudar a evitar que o mundo, sem referências nem esperança, degenere numa distopia pós-apocalíptica regida apenas pela lei dos mais forte.
Através do ensino da História, pretendo que os jovens do futuro estejam habilitados a intervir no cenário político de forma muito mais produtiva do que eu, mantendo seu idealismo e esperança sem deixarem de analisar friamente a realidade e suas vicissitudes.
Observo com certa desconfiança, por exemplo, um influencer como Felipe Neto ser alçado ao posto de porta-voz da resistência ao bolsonarismo, por ter sofrido perseguição legal devido as suas posições. O mesmo Felipe Neto, anteriormente, havia usado de sua influência para dizer que o ensino de Machado de Assis nas escolas não era necessário, devido ao fato dele e outros autores nacionais serem ‘’chatos’’ para a juventude.
Esta foi uma fala muito perigosa, porque as crianças e jovens dos países desenvolvidos não deixam de estudar Shakespeare, Poe ou Orwell porque são ‘’chatos’’ para eles. Quando se tornam adultos, elas passam a produzir os filmes, livros e videogames que as nossas crianças passam horas assistindo, lendo e jogando, o que só serve para perpetuar nossa dependência e subordinação, tanto cultural quanto econômica, em relação a esses países.
Por essas e outras razões, caso o campo progressista um dia volte ao poder, Filipe Neto tem grande potencial para se tornar uma nova Tábata, alguém que vai contrariar todas as expectativas daqueles que confiaram nele, caso ele chegue ao poder após se candidatar a um cargo político.
Numa sociedade aonde os historiadores e demais cientistas sociais cumprem suas funções a contento, as pessoas aprendem a não esperar mais por príncipes encantados montados em cavalos brancos, mas dão poder a líderes equilibrados e razoáveis, que criam um círculo virtuoso de boa vontade e prosperidade na sociedade.
Assim, pode-se concluir que o historiador, em vez de ser um mero entusiasta do passado, tem um importante papel na construção do futuro, ao ser um fiador da qualidade do processo democrático. A ele cabe ajudar a evitar que o mundo, sem referências nem esperança, degenere numa distopia pós-apocalíptica regida apenas pela lei dos mais forte.