terça-feira, 30 de junho de 2020

Pedagogia do Interregno



Texto realizado na UNILAB, no ano de 2017, como resposta a uma atividade sobre Boaventura de Sousa Santos.

''Ao invés de fazer perguntas separadas, achei mais apropriado deixar meus questionamentos num único texto. Acredito numa alternativa algo diferente da proposta por Boaventura de Sousa. Eu acredito que os problemas que hoje afetam países como o nosso poderiam ser resolvidos através de uma narrativa heroica, que unificasse o povo em torno de um projeto nacional.

Acredito que a alternativa proposta por Boaventura não tem viabilidade devido a dois grandes fatores. Primeiro, depende de uma solidariedade internacional difícil de sustentar diante das divergências de interesses locais, e segunda, deriva de uma esquerda que está tão esgotada quanto as outras ideologias de origem ocidental.

A pedagogia libertadora que ele propõe, não é de interesse sequer aos governos e regimes de cunho progressista, porque o que eles chamam de educação libertadora é na prática formação de militantes partidários ou de causas sociais restritas, e é na prática tão conformista quanto a educação hegemônica a que se propõe como antítese.

A época atual aparenta ser nebulosa porque se trata de uma época de interregno, aonde a liderança euro-americana está ao pouco sendo substituída por uma liderança sino-indiana; e como a existência da ameaça nuclear e a interdependência financeira impossibilitam a troca de liderança através de uma guerra aberta, ela ocorre através de um lento apodrecimento da hegemonia euro-americana, enquanto o novo núcleo, também em situação questionável, amadurece para assumir seu lugar, podendo definir uma nova ordem mundial no processo.

Uma pedagogia mais adequada a essa realidade, aonde cada país ou bloco regional teria de aprender a sobreviver por si mesmo num mundo crescentemente desregulado e sem leis claras, poderia ser chamado de pedagogia do interregno. Seria uma pedagogia centrada em valores como orgulho nacional, civismo, e dever, valores deixados de lado tanto pela elite liberal como pela esquerda nos anos 90, e que poderiam fazer emergir da juventude uma vanguarda que liderasse o país pelo exemplo, permitindo a superação da crise econômica e do esgotamento moral que ocorrem atualmente.''

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