O livro de Fábio Shiva se mostrou uma boa leitura, leve e profunda ao mesmo tempo. O mundo que ele constrói, aonde monstros de todos os tipos coexistem com seres humanos, é um bom exemplo de realismo mágico.
Existem alguns poréns na obra. A introdução, no final do texto, de uma trama com alienígenas não se encaixa muito bem com o enredo já estabelecido dos monstros e seres mágicos, o que faz com que o leitor fique um pouco confuso dentro do mundo criado pelo autor.
O uso de uma espécie de hipertexto apelidada de "Registros Akáshicos" pelo autor torna a obra mais interessante, trazendo detalhes sobre o mundo da trama sem atrapalhar a leitura do texto principal. A evolução da protagonista é cíclica, com ela as vezes mostrando progresso em relação ao vício que a domina, as vezes se deixando levar pelo mesmo.
A presença de uma droga que reduz paulatinamente os usuários a zumbis comedores de cérebros se mostra uma boa metáfora sobre os efeitos do crack no indivíduo e na sociedade, assim como a bestialização das relações humanas encontra sua expressão na transformação de parte das pessoas em seres antropozoomòrficos- especialmente os policiais, transformados em lobisomens, e os traficantes de drogas, tornados seres reptilianos.
O que mais chama a atenção na obra é seu potencial para se tornar uma boa série, graças aos detalhes deixados no ar pelo autor- e que possivelmente, serão explicados por ele em edições posteriores.